Muitos dizem ter sido a melhor época para amantes de carros no Brasil. Confira como era o mercado automotivo nos anos 90
Junto com a redemocratização no Brasil, outros fatores importantes dos anos 90 aconteceram para os brasileiros. Entre eles, está a reabertura para a importação de veículos que foi um marco para o mercado automotivo. A estratégia agradou aos que tinham dinheiro para importar, mas causou crise para as montadoras nacionais.
Muitos não sabem, mas o Brasil sempre foi um país importante para a importação, já que traz carros de outros países desde o século 19. Inclusive, o inventor do avião, Santos Dumont, foi a primeira pessoa a trazer um carro de fora para o Brasil. O veículo em questão era um Peugeot Type3.
Poucas evoluções nos modelos
No ano de 1976, o Brasil parou oficialmente de importar carros para poder fortalecer o mercado local de produção de veículos. Com isso, a tríplice de montadoras (Ford, Chevrolet e Volkswagen) se viram sozinhas em um mercado próspero.
Esse fechamento e pouca concorrência fez mal para um mercado que necessita de evolução. Em praticamente 15 anos, o setor automotivo ficou parado no tempo com a indústria lançando modelos populares e extremamente simples, ou seja, sem nenhuma inovação realmente relevante.
Os anos 90 chegaram com as ruas repletas de VW Gol, o Fiat 147, o Chevrolet Chevette e o Ford Escort. Esses modelos, por serem projetos da década de 70, não eram referência em conforto, motores e muito menos em acessórios ou novas tecnologias.
Reabertura do mercado automotivo externo
Em maio de 1990, o Brasil então abriu suas portas para modelos importados e as primeiras marcas a se jogarem em nossas terras foram BMW e Fiat. Nesse ano mesmo, o consumidor mais ambiciosos já conseguia adquirir veículos da marca alemã.
Na sequência, a marca italiana trouxe modelos de sua marca de luxo, a Alfa Romeo, que colocou à venda no Brasil 100 unidades do sedã Alfa Romeo 164. Além do segmento de luxo, a Fiat também se destacou entre os populares, com o Fiat Tipo.
Inflação alta e modelos asiáticos
Os principais carros a ganhar terreno no Brasil foram os de luxo, modelos nos quais os brasileiros não estavam acostumados e não viam a hora de possuir. Porém, a gama de consumidores aptos para a compra era bem enxuta.
Nos anos 90, nosso país vivia uma era com a inflação altíssima, pior que a de agora, e o salário mínimo não dava a maior parte das pessoas a chance de sair dos modelos atrasados da indústria nacional.
Foi então que a indústria asiática viu uma brecha importante para popularizar seus modelos básicos. Chegaram então, por exemplo, a Towner e a Besta, vans que chegavam prontas para encarar a líder de vendas VW Kombi.
Fôlego à indústria nacional
Em meados dos anos 90, a indústria nacional já começou a sentir os impactos fortes da abertura do mercado para marcas de fora. Logo, as marcas de fabricação nacional perceberam que o brasileiro, mesmo com uma crise econômica, pagaria por um carro melhor e menos básico.
Com isso, essas empresas começaram a modernizar suas linhas de produção. Com isso, chegava ao mercado modelos icônicos. Nascia o novo Gol (bolinha), o Corsa, o Ford Fiesta e o Fiat Palio.
Todos esses modelos se tornaram importantes para alavancar o segmento nacional de veículos, mas o mais emblemático foi o Corsa wind. Um dado interessante, mas não bom é que o modelo da Chevrolet, mesmo fora de linha há 21, é o carro mais furtado em São Paulo em 2022.
Perdas no mercado automotivo nos anos 90
Os anos 90 deu a indústria brasileira de carros a possibilidade de criar diversos modelos e se adequar com novas tecnologias, mas deixou alguns modelos fora desse jogo competitivo.
Saíram de cena veículos que arriscaram demais ou que se tornaram inviáveis, financeiramente falando. Foi o fim de várias fabricantes nacionais, como por exemplo a famosa Gurgel.
Até mesmo as marcas do exterior começaram a ver seus últimos dias em nosso país. Grande parte porque apostaram (e muito) em modelos que não agradaram os brasileiros. Um desses exemplos é a marca nipônica Mazda.
A década de 90 também foi marcada pelos extremos econômicos, como por exemplo a alta sem precedentes do dólar. Por isso, marcas como a Honda e a Peugeot, ao invés de sair do Brasil, passaram a produzir alguns veículos localmente.