Jipe antes de ser Jeep: a história do primeiro carro da marca
Foto Divulgação - Jeep antigo e Jeep Renegade

Jipe antes de ser Jeep: a história do primeiro carro da marca

Você sabia que só existem os Jipes, SUVs e afins por causa da Jeep? Pois é, entenda a história da marca e como ela lançou um segmento.

Texto: Bárbara Lira

Algumas marcas, quando ouvidas, trazem imediatamente às nossas mentes a ideia do que está sendo tratado. Esse é o caso da montadora Jeep, que em qualquer parte do mundo, faz as pessoas associarem à um veículo forte e robusto. Mas isso sempre foi assim?

O primeiro modelo criado pela montadora, o carro Jeep Willys MB, nasceu em 1941, durante o período da Segunda Guerra Mundial. O carro foi idealizado pelo governo americano que tinha a ideia de produzir um veículo leve, com tração nas 4 rodas, que fosse capaz de levar 3 soldados e que tivesse um compartimento para armamentos.

Jeep Willys MB
Foto: Jeep – Divulgação

O sucesso foi grande ao ponto de a marca produzir mais de 360 mil unidades durante aquele período para uso militar. 

Mas, além dessas funções, a primeira criação da Jeep serviu em todas as frentes de batalha, tornando-se uma parte vital de toda ação em terra, que foi útil como veículo de reconhecimento de terreno, para transporte de alimentos e como refúgio de feridos.

Jeep Willys Radio WWII interior
Foto: Guillaume Vachey

Resultado disso é que o carro foi considerado pelo comandante das forças aliadas, general Dwight Eisenhower, como uma das quatro ferramentas fundamentais para a vitória final – junto de bazuca, bomba atômica e o avião de transporte C-47.

Como tudo começou

Antes de entender o sucesso que o Willys MB teve em seu lançamento, é importante relembrar onde tudo começou. Antes de 1941, o governo americano já contava com um vasto catálogo de opções veiculares disponível, mas ainda faltava algo…

Os militares cobravam uma opção mais valente, robusta e que fosse considerada “pau para toda obra’. Então foi lançado o desafio pelos governantes que, entre as exigências, pediam um veículo com tração 4×4, que levasse 3 soldados, que tivesse um entre eixos de até 203 cm, com uma para-brisas rebatível, que conseguisse carregar pelo menos 300 kg, tivesse um motor com ao menos 11,7 kgfm de torque – para se ter uma ideia, os primeiros carros 1.0, tinham torque próximo dos 9,5 kgfm – e que vazio pesasse até 590 kg.

Com um prazo apertado, após os requisitos que foram impostos pelo Governo, os fabricantes tiveram 49 dias para apresentarem seus protótipos e apenas 75 dias para a fabricação de 70 veículos funcionais para testes.

O desafio reuniu um total de 135 marcas, mas apenas 3 delas deram um retorno para o órgão americano, sendo: American Bantam, Willys-Overland (que mais tarde se tornaria a Jeep) e a Ford.

A primeira a sair da corrida foi a American Bantam, deixando o caminho livre para Willys-Overland e Ford, que tiveram mais de tempo para entregar seus protótipos. Os carros foram entregues e quem levou a melhor nos testes foi a Wyllis, no entanto, ainda não era o que os americanos esperavam.

Então, sobre o primeiro projeto, chamado Willys MA, o exército aplicou modificações, dando vida ao jipe que carregaria o nome Willys MB – de Model “B” -, que se tornaria o primeiro veículo da marca estadunidense.

Willys Jeep 1943
O famoso Willys MB – Foto: Joost J. Bakker

Em 15 de julho de 1941, a Willys-Overland assinou um contrato com o governo norte-americano para iniciar a produção do modelo MB.

Amado por todos

O modelo foi o primeiro veículo militar que recebeu autorização do governo para ter uma versão para os civis. O exemplar destinado à compra do público tinha partes diferentes do original, além de ser rebatizado de Willys CJ (Civilian Jeep, traduzindo para o português, Jeep Civil). Confira as principais mudanças no design do veículo:

Mitsubishi 1955 Jeep
Foto: Mitsupicture
  • A grade dianteira de aço, que na Segunda Guerra tinha 9 aberturas, passou a ter apenas 7;
  • Os faróis se tornaram um pouco menor;
  • O para-brisa reclinável passou a ser fixo;
  • O modelo ganhou novas cores, mas, claro, o verde se tornou exclusivo para o exército.

A procura pelo modelo era tão grande que a Willys-Overland teve que buscar uma segunda fonte para produção do veículo. A partir disso, foi estabelecido um acordo entre o governo americano e a Willys, para que a marca entregasse o projeto e as especificações de seu veículo para um segundo fabricante. Mesmo passando parte de sua produção para uma empresa terceira, a Willys seguiu responsável por pelo menos metade da produção das encomendas feitas pelo automóvel.

Em novembro de 1941, foi determinado que a Ford seria a fonte alternativa de produção. Da parceria, surgiu o Ford GPW (G – Government; P – distância entre eixos de 203,2 cm; W – padrão Willys).

Jeep Wings Over Wine Country
Ford GPW – Foto: Wine Country – 2007

Os Ford GPW eram exatamente iguais aos Willys MB – como podemos ver pela distância dos eixos. No entanto, o modelo original da Willys foi melhor nas lojas, do que o da Ford. Falando em números, durante a Segunda Guerra Mundial, foram vendidas cerca de 363 mil unidades do Willys, contra 280 mil unidades do modelo GPW, da Ford.

Antes de ser Jeep

A história de como a Willys-Overland se tornou a Jeep tem muitas teorias, já que o site oficial da marca não exibe toda a linha do tempo. A mais famosa, conta que o nome veio da pronúncia da sigla G.P (gee pee), de General Purpose.

Existem outras versões, como a de que a Jeep era uma gíria militar para batizar qualquer coisa insignificante, boba ou esquisita. Ou a suposição de que os mecânicos do exército da época chamavam qualquer tipo de veículo motorizado – aqui entram motos e bicicletas da época – de Jeep.

Chegando no Brasil

Aqui no Brasil, no mesmo período, o exército nacional recebeu cerca de 600 unidades do Jeep Willys, que rapidamente tomou as ruas.

A Willys-Overland do Brasil foi fundada na cidade de São Bernardo do Campo (SP), em agosto de 1952, e, 2 anos mais tarde, a marca começou a vender o Jeep Willys, que ainda era fabricado com peças vindas dos Estados Unidos.

A primeira versão brasileira do Jeep Willys tinha modelos com tração em 4 ou só em 2 rodas, além de câmbio com 3 marchas e opção de redução para o acionamento da tração.

O próximo passo foi a versão Rural Willys, que chegou no ano de 1956, e contava com um motor 2.6 de com 90 cv. Um ano mais tarde, o modelo começou a ter várias peças fabricadas no Brasil e, de forma rápida, a nacionalização total do carro Jeep Willys aconteceu em 1959.

Entre 1958 e 1977, o modelo derivado do carro Jeep Willys original, a Rural Willys, teve versões com tração 4×4, 4×2, motores 2.6, 3.0 e até uma versão picape que ficou conhecida como picape Willys.

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4 Comments

  1. Almir Costa

    Gostaria que vocês postassem uma matéria sobre o Jeep MB 1951

    1. Fernando Naccari

      Obrigado pelo comentário, Almir. Vamos colocar na pauta aqui. Abraços!

  2. ROBERTO SABINO

    Prezado FERNANDO. Parabéns pela matéria e fotos nítidas. E se souber de algum para comprar, avise!Abço.

    1. Fernando Naccari

      Muito obrigado, Roberto! Pode deixar 🙂

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