Alta no dólar, mercado inflacionado, crise dos semicondutores: entenda porque os carros estão tão caros.
Os motivos para a escalada de preços do mercado automotivo pode ser listado com vários pontos, já que uma avalanche de mudanças aconteceram no mundo inteiro nos últimos anos.
Para o consumidor, a pergunta que não sai da cabeça é “porque os carros estão tão caros?”, já que é carros no valor de R$ 50 mil reais a dois anos subiram tanto ao ponto se tornarem carros no valor de R$ 100 mil reais.
E os aumentos não ficam apenas no segmento de veículos zero-quilômetro, como também chegam aos seminovos e usados. Dependendo do modelo, os valores praticados por concessionárias e lojas multimarcas chegam a ser maiores do que os cobrados pelo mesmo carro, porém novo.
Mas quais os principais influenciadores desse caos nos preços de veículos? Vamos listar alguns dos pontos cruciais para entender o porquê os carros estão tão caros:
Por que os carros estão tão caros? Crise na fabricação de modelos novos
Com a chegada da pandemia, muitos setores, principalmente ligados à saúde, precisaram de itens que antes tinham mais destaque no segmento automotivo. O principal deles é o semicondutores.
Os semicondutores estão presentes em tudo: carros, computadores, microprocessadores, televisões, etc. Como a pandemia forçou as montadoras a pararem de funcionar e, consequentemente, diminuírem a compra de componentes, as empresas produtoras de semicondutores começaram a dar preferência a companhias de outros ramos, fazendo as montadoras entrarem para o final da fila.
Ironicamente, sem os componentes, fábricas tiveram que pausar suas produções novamente, acarretando a falta de veículos zero-quilômetros nas concessionárias. Esse desequilíbrio entre oferta e procura tradicionalmente “puxa” para cima os preços de determinado produto.
Além da falta de semicondutores, outros custos de produção também registraram alta, como a conta de energia, além do frete aéreo e marítimo. Esses, contam com reajustes na casa dos 105% e 339%, respectivamente. Ao final, esses valores também acabam sendo repassados para o cliente que gostaria de ter um carro zero.
Usados e seminovos como alternativa
Com a falta de veículos novos, acaba que os consumidores recorrem aos seminovos e usados, causando o mesmo problema de oferta e demanda. Com muita gente atrás de um carro e um mercado não preparado para atender, acaba que os produtos a venda super valorizam.
Para se ter uma ideia, os veículos de segunda mão, que é o tempo entre a compra e a sua respectiva revenda, era superior a dois meses em 2019. Hoje, caiu para aproximadamente 30 dias. Além disso, como há uma baixa rotatividade dos veículos comercializados, para manter o caixa no verde, os lojistas precisam reajustar o preço dos veículos que são vendidos.
A culpa não é só da pandemia
Apesar dos motivos acima terem sido impulsionados pela pandemia, o valor dos carros no Brasil já vinham subindo de forma gradual há um bom tempo. Uma das justificativas do setor é que há muita comparação entre modelos novos e antigos, mas sem olhar o preço.
Ao tempo que o consumidor procura carros melhores, não param para pensar que o avanço em recursos acaba saindo caro para as montadoras, estas que por sua vez necessitam aumentar os valores de venda.
Além disso, não é possível comparar um carro “popular” hoje em dia com um do começo dos anos 2000. Atualmente, o mercado exige uma série de fatores que encarecem o preço final do produto, como por exemplo itens de segurança que são obrigatórios por lei.
De acordo com o presidente da Associação das Fabricantes de Veículos (Anfavea), Luiz Carlos Moraes, em 2023 o mercado automotivo mundial finalmente deve voltar a viver uma estabilidade no abastecimento de semicondutores, ajudando assim a produção dos carros novos. Então, a busca por seminovos e usados também deve se normalizar.
Porém, o consumidor deve se acostumar com os preços apresentados hoje, já que mesmo depois da normalização do mercado, os valores não serão muito diferentes.
Os carros continuarão tendo um custo alto por conta de suas novas tecnologias e as normas que os fabricantes devem atender, como por exemplo as metas de emissão de gases poluentes, que causam um encarecimento nos projetos veiculares por conta das adequações.
Além disso, outro fator que impacta nos preços aqui no Brasil são os impostos. “Para trazer o consumidor que tem interesse em comprar um carro zero novamente para o mercado, estamos lutando por uma reforma tributária mais moderna e parecida com países desenvolvidos. O imposto representa entre 40% e 50% do valor de um carro, porém a média entre os países desenvolvidos é de 20%. Atualmente, o imposto acaba tirando do consumidor a possibilidade de comprar um carro”, explica Moraes.