SUV compacto pioneiro no Brasil, o Ford EcoSport deixou o mercado automotivo brasileiro em 2021. Mas será que ainda vale a pena comprar um?
Lançado em 2003, o Ford EcoSport foi o pioneiro no mercado automotivo brasileiro a combinar a plataforma de um hatch compacto com a carroceria típica dos SUVs.
O resultado disso foi que o modelo da Ford foi líder do seu segmento durante vários anos. A primeira geração deu lugar a uma segunda em 2012, que fez o projeto brasileiro se tornar um modelo global da empresa.
Por aqui, a fábrica da Ford em Camaçari (BA) seguiu produzindo o modelo até janeiro de 2021, quando EcoSport foi descontinuado com a decisão da Ford de fechar as suas fábricas no Brasil.
História do Ford EcoSport
Até o início dos anos 2000, quem queria um SUV no Brasil tinha que recorrer a modelos grandes como o nacional Chevrolet Blazer ou os importados Toyota SW4 e Ford Explorer. Ou optar por modelos 4×4 como o Mitsubishi Pajero iO e o Troller T4.
Não havia por aqui ainda a figura do SUV compacto, um modelo com plataforma e conjunto mecânico de carro de entrada, mas com suspensão elevada e a carroceria de linhas robustas como a dos utilitários.
Foi assim que a filial brasileira da Ford desenvolveu o EcoSport, um modelo que usava a plataforma do Fiesta de 5ª geração. Boa parte das versões traziam os motores da linha Fiesta (1.0 Supercharger e 1.6) e a tração dianteira.
Mas quem fizesse questão poderia optar a partir de 2004 pela tração 4×4 combinada com um motor 2.0 de 143 cv, que se tornou um dos modelos com tração nas quatro rodas mais acessíveis do Brasil.
Criador do segmento dos SUVs compactos, o EcoSport se tornou um dos carros mais vendidos do país e reinava praticamente sem concorrência, competindo contra hatches aventureiros como o Volkswagen CrossFox e a station wagon Fiat Palio Weekend Adventure.
2ª geração do Ford EcoSport
Com o lançamento do Renault Duster, em 2011, o EcoSport ganhou o primeiro sério concorrente no mercado automotivo brasileiro.
O modelo da marca francesa seguia ao pé da letra a filosofia do Ford, já que é baseado na plataforma do sedã compacto Logan. Mais atual, superou naquele ano as vendas do já veterano Eco.
Mas em 2012 a Ford apresentou a 2ª geração do EcoSport. Agora baseada no então moderno Fiesta de 6ª geração, trazia uma carroceria de linhas mais atuais e o motor 1.6 Sigma nas versões de entrada e o 2.0 Duratec como opção mais cara.
O EcoSport de 2ª geração se tornaria ainda um modelo global. Além do Brasil, passou a ser produzido também na Índia, China, Romênia, Rússia, Tailândia e Vietnã, chegando agora também aos mercados asiático, europeu e dos Estados Unidos.
A combinação de visual mais atual e bons pacotes de equipamentos, com o acerto de suspensão e direção superior ao do Duster fez com que o SUV compacto da Ford fechasse o seu ano de lançamento na frente do modelo da marca francesa.
Mas a concorrência se intensificou a partir de 2015, com a chegada ao Brasil de modelos como Jeep Renegade, Honda HR-V, Nissan Kicks e Peugeot 2008.
Mais novos, traziam além do ar de novidade atributos como espaço interno e nível de acabamento superior, mais equipamentos ou conjuntos mecânicos mais atualizados.
A Ford ainda tentou uma reação em 2017, quando o EcoSport passou por uma reestilização visual e incorporou os novos equipamentos de série e os motores 1.5 Dragon de três cilindros e 137 cv e 2.0 de quatro cilindros com injeção direta e 176 cv.
Outra mudança foi a troca do problemático câmbio automatizado PowerShift por transmissões automáticas de seis marchas. Mas não foi o suficiente para impulsionar as vendas do EcoSport, que deixou o mercado automotivo brasileiro em janeiro de 2021.
Mercado do EcoSport
Logo após o anúncio do fim da produção do Ford EcoSport, houve uma corrida dos donos para a venda de exemplares do modelo. Isso fez com que o SUV compacto sofresse com uma desvalorização acentuada nos primeiros meses de 2021, recuperando valor a partir daí.
Mesmo assim, o Ford EcoSport ainda é uma opção interessante para os que buscam um SUV seminovo bem equipado por um preço relativamente acessível. O espaço interno pode não ser referência, mas é o suficiente para um casal sem filhos viajar com bastante conforto.
Exemplares da versão de topo Storm 4WD, equipada com o motor 2.0 de 176 cv e tração 4×4, e que trazem uma lista de equipamentos com sete airbags, multimídia Sync 3, controles eletrônicos de tração e estabilidade, bancos de couro e ar-condicionado automático digital, podem ser encontrados na mesma faixa de preços de concorrentes mais simples e com tração 4×2.
Aliás, os carros da linha 2018 para frente são os mais indicados, por conta da lista de equipamentos mais completa e por conta dos motores de tecnologia superior.
Vale destacar que, apesar do fechamento das fábricas, a Ford segue presente no Brasil como uma marca de carros importados. Isso impactou na redução da rede de concessionárias. Mas os donos de carros ainda em garantia não precisam se preocupar em ficar na mão sem assistência técnica.
