Novo Honda City Touring sedã evolui em relação à geração anterior, mas é melhor opção para quem “estreia” na Honda.
O lançamento do Novo Honda City abalou as estruturas da marca japonesa do Brasil e causou estranheza quanto ao novo posicionamento do modelo no mercado automotivo nacional.
Praticamente de uma só vez, a marca anunciou a saída do Fit e derivados (WR-V, City e HR-V), bem como do sedã Civic.
Mas é aí que o novo posicionamento de marca, pelo menos por enquanto, ficou confuso:
- o mercado de SUVs de entrada é um dos mais aquecidos do Brasil, mas com a saída do WR-V, por enquanto não há substitutos;
- o HR-V chegará em nova geração no segundo semestre, incluindo uma versão elétrica, mas por enquanto, saiu de linha e ficou um “vazio” entre as gerações;
- o Civic atual será substituído pela versão de topo Touring do New City, mas também deve chegar ao Brasil no final do ano, importado e posicionado como um carro de segmento superior.
Ou seja, o Novo City hatch deve substituir o Fit sem ser uma minivan, ser melhor que o City anterior e ainda substituir um sedã médio de sucesso como o Civic, sem o ter sido em nenhum momento de sua história.
As coisas devem se encaixar quando a nova gama de veículos da marca chegar ao mercado, mas por enquanto, a Honda está “meio Frankenstein no Brasil”.
Deixando tudo isso de lado, tive a missão de testar o Honda City Touring na carroceria sedã, a versão de topo do novo modelo e te adianto: clientes fiéis da marca vão estranhar, mas novos clientes da Honda vão amá-lo.
Design do Novo Honda City sedã
Em sua versão de topo, o Honda City Touring tem visual e recursos claramente inspirados nos sedãs maiores Civic e até no Accord.
Essa inspiração fica clara dianteira com faróis fullLED e barra cromada, capô com centro mais alto, vincos laterais acentuados e retrovisores grandes.
O para-choque, no entanto, tem linhas simples e lembra o conceito utilizado nos primeiros “New Civic”.
De lado, as rodas são “apenas” de 16 polegadas e quebram um pouco o visual mais esportivo dessa geração. Casaria melhor rodas maiores, mas o conforto de rodagem seria prejudicado, segundo a Honda.
Atrás, as lanternas em LED são chamativas e as linhas são completamente novas, trazendo maior identidade ao modelo.
Destaque para os olhos-de-gato que saem de um recorte lateral dos para-choques, imitando saídas de refrigeração de freios de carros de corrida.
Pensando em dimensões, o Novo City Touring sedã está maior que o antigo, sendo 94 mm maior em comprimento (4.549 mm), 53 mm em largura (1.748 mm) e ficou mais baixo em 8 mm (1.477 mm). O entre-eixos (2.600 mm), no entanto, continua o mesmo.
O porta-malas encolheu e agora tem 519 litros de volume contra os 536 litros da geração anterior.
Do ponto de vista do acabamento, o City Touring não encanta. Mesmo sendo uma versão de topo, há predominância de plásticos duros tanto no painel, quanto nos painéis de porta.
Visualmente falando, o aspecto é sóbrio, com destaque para o painel de instrumentos digital de 7 polegadas, para o volante multifuncional, ar-condicionado digital (com acionamento por botões, não mais por touchscreen) e bancos em couro, que ficaram maiores e mais confortáveis.
Antigos donos de City se sentirão bem servidos, mas quem tinha um Civic anteriormente vai sentir a queda no padrão.
Desempenho do Honda City Touring sedã
É aqui que fica difícil criticar o modelo. Causou estranhamento quando a marca divulgou que o novo motor 1.5 aspirado tinha injeção direta, variador de fase nos comandos de válvulas, mas não era turbinado. Injeção direta aspirado?
Pois é, a receita aqui deu certo e os 126 cv e 15,8 kgfm casaram perfeitamente com o câmbio CVT, que também passou por aprimoramentos e ficou mais suave.
Na prática, o City Touring sedã acelera bem e na cidade mostra-se esperto. O câmbio CVT não patina mais como antes e proporciona bom desempenho e conforto acústico.
Na estrada, não é nenhum esportivo, mas faz o papel que você espera dele seja em ultrapassagens, em subidas de serras e até se comporta bem na hora do freio motor.
E tudo isso com um consumo de combustível elogiável: 11,2 km/l na cidade e 15,3 km/l na estrada, ambos os testes com gasolina no tanque e com o modo ECON acionado, que tem a função justamente de suavizar as respostas do acelerador e do câmbio em prol da economia.
O mais legal é que mesmo com ele acionado, o desempenho continua agradável. Situação raríssima em veículos que possuem essa função.
Outro ponto de destaque é como o conjunto de suspensão é bem calibrado e deixou de ser firme em excesso, como eram conhecidos os carros da Honda.
O Novo Honda City Touring é confortável na cidade e firme na estrada. A direção eletroassistida também se comporta com exatidão nos dois cenários.
Itens de série
Se comparado ao City antigo, em sua versão de topo o City Touring está mais equipado e seguro.
Ele é o primeiro carro “acessível” da marca a vir com o Honda Sensing, que agrega piloto automático adaptativo, alerta de mudança de faixas de roalgem, frenagem automática com alerta de possível colisão e controles de tração e estabilidade.
Inclui-se na lista de itens de série a partida remota, chave presencial, câmera e alerta de ponto-cego, seis airbags e central multimídia de 8 polegadas com espelhamento de smartphones Android ou iOS sem necessidade de fios.
Veredicto
O Novo Honda City Touring sedã é um carro confortável, que anda bem e que bebe pouco combustível, fora que é equipado com sistemas de segurança ativos que não vemos em carros da mesma categoria.
Os concorrentes do Honda City sedã terão trabalho para oferecer um produto tão bom quanto, mas é meio utópico achar que donos de Civic optarão por este sedã e se sentirão plenamente atendidos.
A qualidade do acabamento é inferior mesmo nessa versão de topo, sem contar que o porte do carro é menor e dá a clara sensação de downgrade.
O Novo City sedã também é uma ótima opção para quem quer comprar o primeiro Honda vindo de um dos concorrentes.
Ficha Técnica Honda City Touring Sedã
Motor | quatro cilindros em linha, 1.5, 16 válvulas, injeção direta com comando variável I-VTEC e VTC |
Cilindrada | 1.497 cm3 |
Combustível | flex |
Potência | 126 cv a 6.200 rpm (gasolina/etanol) |
Torque | 15,8 kgfm (etanol) / 15,4 kgfm (gasolina) a 4.600 rpm |
Câmbio | CVT de sete marchas simuladas |
Direção | eletroassistida |
Suspensões | McPherson (dianteira) e eixo de torção (traseira) |
Freios | discos ventilados (dianteira) e tambores (traseira) |
Tração | dianteira |
Dimensões | 4.549 mm (comprimento), 1.748 mm (largura), 1.477 mm (altura) |
Entre-eixos | 2.600 mm |
Pneus | 185/55 R16 |
Porta-malas | 519 litros |
Tanque | 44 litros |
0-100 km/h | 10,1s |
Vel. máxima | não informada |
Consumo cidade (Inmetro) | 13,1 km/l (gasolina) e 9,2 km/l (etanol) |
Consumo estrada (Inmetro) | 15,2 km/l (gasolina) e 10,5 km/l (etanol) |