JAC E-J7 oferece o bom espaço interno e a dinâmica de um sedã, mas acelera mais rápido que os supostos concorrentes, Audi A4, Mercedes Classe C e BMW Serie 3
Pode parecer que não, mas o mercado de carros eletrificados está cada vez mais difundido no Brasil. Para se ter uma ideia, a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, até novembro de 2022, mais de 43,7 mil veículos eletrificados foram vendidos no Brasil, enquanto em todo 2021, foram 30,4 mil veículos comercializados.
Além disso, aumentaram as opções de veículos eletrificados no mercado. Até 2021 eram apenas 163 opções de veículos eletrificados, enquanto em 2022 estes números subiram para 255 opções.
E dentro deste mercado, ser diferente de todo mundo pode ser um ponto positivo. E é justamente neste aspecto que o JAC E-J7 se destaca.
Derivado do J7 chinês, que nunca chegou a ser vendido no Brasil, o modelo é o sedã elétrico mais barato do mercado, com preço na casa dos R$ 270 mil. Fora ele, só o Porsche Taycan compartilha deste conceito.
Claro, estamos falando de carro completamente diferentes, mas a JAC mira alto e considera que o E-J7 tem concorrentes de peso no mercado: BMW Série 3, Audi A4 e Mercedes-Benz Classe C.
Mas será realmente que o sedã elétrico produzido sob a supervisão técnica da Volkswagen tem capacidade de alçar vôos tão altos?
Design do JAC E-J7
Concebido pelo estúdio italiano JAC Design Center, o visual do E-J7 é sem sombra de dúvidas interessante. De frente, o grande para-choque frontal sem grade (item desnecessário em um carro elétrico) realça o compartimento de recarregamento, bem como os belos faróis 100% em LED.
A frente é comprida e abaixo do longo capô fica o conjunto eletrificado do E-J7, completamente exposto como num carro à combustão, item incomum para veículo elétrico, mas interessantíssimo para apaixonados por tecnologia automotiva.
De lado, destaque para a grande coluna C que traz um caimento semelhante ao de um carro cupê e pela carroceria em dois tons. Lá atrás, as belas lanternas inteiriças completam o visual moderno do carro.
Ah, a tampa traseira abre junto com o vidro, assim como nos hatches e peruas. Isso dá ao E-J7 personalidade e possibilita ainda um melhor acesso para as bagagens no enorme porta-malas de 590 litros.
No interior, o acabamento é bom, com amplo teto-solar panorâmico e com materiais sensíveis ao toque. Os bancos possuem revestimento em couro com costura vermelha em dois tons, assim como no painel, que é parcialmente revestido em couro.
O quadro de instrumentos é digital e personalizável em até três cores: azul, vermelho e dourado. Ao centro, a multimídia de 13″ possui conectividade Android Auto e Apple CarPlay com fio e reúne ainda as configurações do veículo, controles do ar-condicionado e da iluminação ambiente.
Esta, por sinal, pode ter suas cores trocadas de acordo com o gosto do motorista e pode “pulsar” como numa respiração ou no ritmo da música tocada, tudo isto num desenho tribal de gostoso duvidoso no painel e nas portas.
Desempenho do JAC E-J7
Equipado com um motor elétrico de 193 cv e 34,7 kgfm de torque, o JAC E-J7 é um carro brutal para acelerações. Faz o 0 a 100 km/h em tempo inferior ao dos sedãs alemães (5,9 segundos) e ainda oferece um conforto de rodagem ímpar. A velocidade, no entanto, é limitada a 150 km/h para poupar a bateria.
É facilmente um dos melhores carros da JAC para se dirigir e o trabalho de acerto dinâmico feito pela Volkswagen funcionou.
Assim, o conjunto absorve bem as irregularidades da pista e não parece pesadão, quando na verdade o é. Só a direção eletroassistida que é leve demais. No modo Sport oferece firmeza semelhante ao que os supostos concorrentes podem oferecer no modo conforto.
A dinâmica do carro em curvas de alta velocidade, no entanto, é prejudicada. O motorista acaba perdendo a sensibilidade do volante com o asfalto pelo excesso da maciez do conjunto, a carroceria rola mais do que deveria também devido ao peso das baterias e à suspensão macia. Assim, se você descuidar, vai ver o carro sair de frente com gosto.
Bateria e recarregamento
O E-J7 aproveita as frenagens para recuperar a capacidade da bateria em até 20%, segundo a JAC Motors. Para recuperar o total de carga, somente plugando ele direto na tomada.
E é justamente aqui que, para mim, o E-J7 se torna uma opção das mais interessantes entre os elétricos. A JAC informa que o modelo pode rodar até 400 km com uma recarga de bateria. Quando peguei o carro para testar por uma semana eu pensei: “todo mundo fala um valor baseado num ciclo X. Na prática deve ser bem menos”.
Aí entrei no carro (com já 14 mil km rodados) e vi: autonomia 402 km e bateria 100%. Continuei pessimista e acreditei que o valor baixaria rapidamente. Pelo contrário, reduziu km a km, como num relógio. Consegui rodar 253 km com o sedã e ele me entregava uma autonomia para mais 149 km.
O sedã-cupê usa um pequeno grupo de baterias de fosfato-ferro-lítio composto por 50 módulos com 100 pilhas. A capacidade é de 50,1 kWh para o conjunto.
O tempo em recarga lenta, ou seja, 220V em corrente alternada (tomada residencial) de 20 a 100% é de longas 20h. Em postos de recarga rápida, com 50 kW e corrente contínua, é de 80% do total em apenas 15 minutos.
Pensando que você vai recarregar o carro na tomada de casa e em quanto isso representaria na sua conta de luz, há um cálculo rápido: a tarifa média cobrada pelas concessionárias de energia é R$ 0,62 kWh.
O JAC E-J7 tem consumo de 0,125 kWh por quilômetro rodado, ou algo como R$ 0,07 por quilômetro rodado. Ou seja, para recarregar 100% da bateria você acrescentaria em torno de R$ 35 na sua conta de luz.
Em uma conversão direta para modelos a combustão, é como se você andasse com um carro que gastasse R$ 1,2 litro de combustível a cada R$ 100 km rodados.
Itens de série do JAC E-J7
Como é de se esperar de um sedã médio, o E-J7 é bem equipado. Destaque para itens como:
- Seis airbags;
- Freios ABS (antitravamento) e EBD (distribuição eletrônica de frenagem)
- Cintos de segurança de três pontos em todas as posições;
- Encostos de cabeça para todos os ocupantes;
- Isofix;
- Faróis full-LED com projetores e ajuste elétrico de altura do facho;
- Rodas de liga leve 17″ com acabamento bicolor diamantado;
- Teto com pintura bicolor em preto brilhante;
- Controles de estabilidade (ESC) e tração (TCS);
- Assistente de partida em rampas;
- Monitoramento de pressão dos pneus;
- Sensores de estacionamento dianteiros e traseiros;
- Câmera de ré;
- Painel de instrumentos digital de 10,25” customizável;
- Central multimídia vertical de 13” com Apple CarPlay e Android Auto (via cabo);
- Freio de estacionamento elétrico com auto hold;
- Vidros elétricos com um-toque e antiesmagamento;
- Retrovisores externos elétricos com rebatimento;
- Volante multifuncional com ajuste de altura e profundidade;
- Ar-condicionado automático digital com difusor duplo traseiro;
- Bancos esportivos com revestimento em couro;
- Banco do motorista com regulagem elétrica e aquecimento;
- Teto solar panorâmico.
Concorrentes
Como comentei, a JAC enxerga que os BMW Série 3, Audi A4 e Mercedes-Benz Classe C são os concorrentes diretos do JAC E-J7, mas vamos concordar que o mercado não é bem assim.
Dificilmente quem busca um sedã de origem alemã vai mudar de última hora e comprar um elétrico de origem chinesa menos equipado.
Com isso, basta olhar para o mercado de elétricos e enxergar o E-J7 como um bom ponto fora da curva, afinal, é o sedã elétrico mais acessível e tem preço para concorrer com o Nissan Leaf, Renault Zoe e Peugeot 208 e-GT, modelos compactos que não oferecem o mesmo espaço e conforto, obviamente.
Ficha Técnica do JAC E-J7
Motor | elétrico |
Potência | 193 cv |
Torque | 34,7 kgfm |
Câmbio | Automático de 1 marcha |
Direção | elétrica |
Suspensões | McPherson (dianteira) e multibraço (traseira) |
Freios | discos ventilados (dianteira) discos sólidos (traseira) |
Tração | Dianteira |
Dimensões | 4.770 mm (comprimento), 1.820 mm (largura), 1.510 mm (altura) |
Entre-eixos | 2.760 mm |
Pneus | 215/55 R17 |
Porta-malas | 590 litros (porta-malas) |
0-100 km/h | 5,9s |
Vel. máxima | 150 km/h |