Mas covid-19 e crise de componentes ainda representam riscos reais para a produção de carros no Brasil ao longo de 2022.
Depois de fechar 2019 com 2,8 milhões de carros e comerciais leves, a indústria automobilística brasileira viu no ano seguinte uma queda de 32% no volume de produção por conta da pandemia do novo coronavírus. E este ano deve representar mais um passo adiante na lenta recuperação do setor.
É no que acredita a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), que revelou nesta sexta-feira (7) que espera fechar 2022 com a produção de 2,268 milhões de carros de passeio e comerciais leves.

Crescimento de 9,5% na comparação com os 2,071 milhões de unidades de 2021. “Esse é um número possível, realista e moderado. Volume baixo se comparado a capacidade de produção atual [da indústria automobilística], que é de 4,5 milhões de unidades/ano”, pontuou o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes.
A Anfavea acredita que apenas em 2025 a produção de carros no Brasil irá superar os índices pré-pandemia. Quando também deverá estar solucionada a crise global na oferta de semicondutores.
Até lá, problemas que se tornaram parte do cotidiano do mercado automotivo brasileiro, como as paradas de produção por falta de componentes e as filas de espera para compra de alguns carros 0 km, deverão perdurar em maior ou menor escala.
“O desafio ainda é dia a dia e peça a peça. O horizonte dos semicondutores é de quatro semanas. Vamos ter várias emoções no 1º semestre”, ressaltou Moraes.
Preços de carros

Com base em um estudo da KBB Brasil, a Anfavea apontou que, desde o início da pandemia, os carros 0 km no mercado automotivo brasileiro encareceram em média 14%. Já os carros usados valorizaram mais de 20% no mesmo período.
Alta impulsionada principalmente por conta da redução da oferta de carros novos, que fez subir a busca por automóveis usados e seminovos. Tendência que, inclusive, também foi notada em vários mercados internacionais.
A expectativa para 2022 é de um equilíbrio melhor entre preços de novos e usados do que o visto em 2021, graças ao ajuste da demanda. Mas fatores como o câmbio e o aumento dos custos podem comprometer essa projeção positiva.
Vendas externas e internas
A projeção da Anfavea é de um crescimento de 8,4% nos emplacamentos de carros de passeio e comerciais leves. Atingindo a marca de 2,134 milhões de unidades.
Já para as exportações, a projeção é fechar 2022 com 361 mil unidades, ou 3,3% de crescimento. Número que deverá ser impulsionado pela recuperação de mercados como Chile, Colômbia, Peru e Uruguai.
E também pela recuperação da Argentina, um dos principais mercados de exportação da indústria automobilística brasileira e que em 2021 representou apenas 34% do total de embarques.