Joint venture Autolatina resultou em carros da Ford e Volkswagen feitos apenas na América do Sul; conheça ou relembre essa história.
Os anos de 1980 foram desastrosos para a indústria automobilística da América do Sul. Com Argentina e Brasil em crise, a década nos dois países ficou marcada pela escassez de lançamentos de novos produtos. Foi nesse cenário que surgiu a Autolatina.
A joint venture foi formada em 1987 por Ford e Volkswagen, como uma forma de as duas empresas combinarem recursos para sobreviver em um mercado desfavorável. Pelo acordo, as duas marcas criavam uma operação combinada nos dois países, com o compartilhamento de fábricas e tecnologias.
Foi desta maneira que os carros da Ford adotaram os motores AP da Volkswagen. Enquanto os Volkswagen mais baratos trocaram o AP-1600 pelo veterano CHT da Ford, rebatizado como motor AE.
Mas essa operação não resultou apenas em compartilhamento de fábricas e motores. Também teve impacto no desenvolvimento de novos modelos feitos apenas no continente. Confira a seguir quais foram os carros da Autolatina
Volkswagen Apollo
A sociedade se desfez em 1996. A Volkswagen abriu mão dos seus carros desenvolvidos na Autolatina. Já na Ford, o divórcio abriu caminho para a renovação da linha com os novos Ka e Fiesta. Além do Ford Escort vindo da Argentina com o novo motor Zetec.
Lançado em 1990, o Volkswagen Apollo foi o primeiro produto desenvolvido em conjunto pelas duas marcas dentro da Autolatina.
Partindo da carroceria básica do Ford Verona – uma variação de duas portas do europeu Orion criada especialmente para o Brasil – foram feitas várias modificações para deixar o Apollo com a cara de um autêntico Volks.
Isso incluía desde novas rodas, grade dianteira e lanternas exclusivas, até o interior modificado com uma cara mais germânica. O acerto mecânico também era diferente, com suspensão mais firme e câmbio com diferencial mais curto.
Mas o motor AP-1800 era o mesmo usado na versão de topo GLX do Verona. Disponível nas versões GL, GLS e VIP, o Apollo durou pouco. Não agradou ao mercado e saiu de linha já em 1992.
Ford Versailles e Royale
O segundo carro da Autolatina foi o sedã Versailles e a sua variação station wagon Royale. Lançados em 1991 para substituir a dupla Del Rey e Belina, seguiam a fórmula do Apollo.
Eram basicamente variações dos Volkswagen Santana e Quantum com os logotipos da marca americana. Inclusive, as duas duplas eram montadas na fábrica da Volks em São Bernardo do Campo (SP).
Embora foram quase idênticos, a maior diferença ficava reservada para a perua. Para evitar a concorrência com a Quantum, a Royale trazia inicialmente apenas uma carroceria de duas portas, inexistente no produto da Volkswagen.
Oferecidos nos níveis de acabamento GL e Ghia, Versailles e Royale podiam contar com motores AP-1800 e AP-2000. Este último, com opção de câmbio automático.
A dupla seguiria em produção até 1996, sendo descontinuada com o fim da Autolatina. Os dois carros foram substituídos pelo Mondeo, importado da Bélgica.
Volkswagen Logus e Pointer
O último produto da joint venture Autolatina foi revelado em 1993: o hatch de 5 portas Pointer e o sedã de duas portas Logus. Os dois modelos usavam a plataforma do Ford Escort de 5ª geração.
Mas diferente do Apollo, que visualmente era muito próximo do Verona, os Volkswagen Logus e Pointer traziam diferenças mais marcantes em relação ao seu equivalente da Ford.
Além do interior com painel exclusivo, o Pointer tinha uma carroceria de estilo próprio, bem diferente da três portas do Escort, enquanto o Logus tinha a cabine de duas portas indisponível no Verona de 2ª geração.
O Logus podia ter os motores 1.6, 1.8 e 2.0 da família AP, enquanto o Pointer usava o 1.8 e o 2.0. Vale destacar que este motor de dois litros no hatch podia equipar a versão esportiva GTI. Os dois modelos saíram de linha em 1996.
One Comment
Linda história automotiva no Passado do Brasil.