Empresa brasileira, a Caoa se tornou um verdadeiro império, se aliando a grandes montadoras do mundo inteiro
O médico por formação Carlos Alberto de Oliveira Andrade pode não ser tão famoso, mas seu império no mercado automotivo com certeza é. O empresário foi o criador do Grupo Caoa, um dos maiores conglomerados empresariais do Brasil. Inclusive, o nome da empresa leva suas iniciais. Infelizmente, o magnata faleceu em 2021 em decorrência de um câncer.
Antes de partir, Carlos conseguiu construir a maior empresa de distribuição e montagem de veículos da América Latina.
Negócios inusitados
A história da Caoa envolve muitos fatos que alimentam um tipo de folclore em torno do nome de seu criador, conhecido como Dr. Caoa. Em 1979, o então médico comprou um Ford Landau de uma loja em Campina Grande/PB. A concessionária até então vivenciava uma crise e o modelo vendido ao Dr. Caoa foi sua última entrega.
Vendo ali um potencial, Carlos comprou os ativos do negócio e iniciou o Grupo Caoa. Alguns dizem que o empresário não abria mão de nenhum tipo de negociação, aceitando vários tipos de pagamento, inclusive cabeças de gado e até materiais de construção.
Não tardou para que a tática de negociação desse seus frutos. Em 1993, a empresa já se consagrava como a maior distribuidora de veículos Ford do Brasil. Um ano antes, Dr. Caoa viu que a reabertura das importações poderia ser uma grande oportunidade, fechando parcerias importantes, como a com a Renault.
Sob a administração da Caoa, a empresa da França cresceu rapidamente, se tornando a quinta marca mais vendida por aqui. A forma de trabalhar não agradou a todos, criando alguns problemas de relação com parceiros de importação da Renault.
Mesmo com um belo portfólio, a Caoa não parou de se comprometer com novas marcas, trazendo em 1998 a Subaru para nossas terras. Deu tão certo, que a parceria com a empresa oriental existe até hoje.
Entre tantos nomes importantes, o verdadeiro marco para a Caoa foi a importação dos modelos de passeio da sul-coreana Hyundai. Da junção, surgiu então Hyundai Tucson no Brasil, se consagrando hoje um dos maiores e mais longos sucessos da marca aqui.
Além de negócios com marcas de todos os lugares do mundo, a Caoa fazia questão de fortalecer sua relação com a Ford, se tornando o maior revendedor da empresa na América Latina em 2006.
Sonho de ser montadora
A Caoa passou grande parte de sua história sendo uma mediadora entre as montadoras e os consumidores. Foi quando, em 2007, a empresa firmou um contrato com a Hyundai para a fabricação local de alguns modelos.
Com um investimento alto, a empresa anexou a fábrica de Anápolis/GO ao seus negócios e deu início a tão sonhada Caoa Montadora. A parceria entre a empresa brasileira e a sul-coreana acontecia da melhor forma possível, inclusive, em 2012, o Grupo Caoa foi eleito como o melhor distribuidor Hyundai do mundo.
Em 2012, ao ver um grande potencial local, a Hyundai começou então a realizar suas vendas e produção independente, o que fez com que a relação com a Caoa ficasse abalada, limitando assim a fabricação de modelos da marca em Anápolis. Apesar disso, o grupo nacional nunca abandonou a vontade de se tornar uma montadora relevante.
Em 2017, Carlos Alberto iniciou um projeto para comprar 50,7% das operações da chinesa Chery no Brasil, negócio que foi realizado com sucesso em 2018. Com acesso a fábrica localizada em Jacareí/SP, a empresa passou a se chamar Caoa Chery.
Atualmente, a Caoa produz alguns modelos remanescentes da parceria com a Hyundai e a linha de SUVs da Chery: Tiggo 5x, Tiggo 7 e Tiggo 8. Enfim, como a Caoa é majoritária na operação da Chery Brasil, pode-se dizer que a empresa é sim uma montadora nacional.
Outros ramos?
A veia empreendedora de Caoa nunca morreu, mesmo com a partida de seu criador. Inclusive, em 2020 a marca anunciou que iria expandir seu negócio para a área de locação de automóveis, seguros e entrar no segmento de óleo lubrificante com a marca Supremus. Além disso, a Caoa se tornou a primeira montadora do Brasil a oferecer uma linha completa de carros híbridos.