No fim de agosto, estoque de carros 0km nos pátios de lojas e fabricantes era suficiente para apenas 13 dias de vendas, aponta Anfavea
As paralisações totais ou parciais de fábricas de automóveis no Brasil, provocada pela crise dos semicondutores, está refletindo nos estoques de carros 0km nas lojas e pátios das montadoras.
De acordo com dados divulgados nesta quarta-feira (8) pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), no fim de agosto haviam apenas 76,4 mil unidades disponíveis em estoque. Suficiente para atender a apenas 13 dias de vendas.
Este nível – o pior em mais de duas décadas – combinado ao aumento na demanda em comparação com o ano passado, explica as filas de espera para vários modelos de carros.
Só para efeito de comparação, em março de 2020 o estoque de veículos nas concessionárias e no pátio dos fabricantes era de 267 mil unidades: o suficiente para 144 dias de negociações.
“Essa situação dos semicondutores traz uma enorme imprevisibilidade para o desempenho da indústria no restante do ano. Num cenário normal, estaríamos produzindo num ritmo acelerado nesta época do ano, quando as vendas geralmente ficam mais aquecidas”, afirmou o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes.
Produção
Até o fim de agosto, 11 fábricas no Brasil estavam sob o impacto de paralisações totais ou parciais. A produção no período foi de 164 mil automóveis de passeio. O pior resultado para o mês desde 2003.
Em 2021, o resultado só não foi pior que em julho, quando foram produzidos no Brasil 163,6 mil carros. Já na comparação com agosto de 2020, a queda foi de 21,9%.
Esse descompasso entre a demanda e a oferta de semicondutores deve acabar apenas no 2º semestre de 2022. A crise dos semicondutores é resultado do impacto da covid-19 na produção e de problemas em fábricas no Japão e Estados Unidos. Tudo isso combinado com o crescimento da demanda por equipamentos eletrônicos pessoais e de infraestrutura.
Vendas de carros 0km
Todo esse cenário acabou impactando nos números de licenciamento de veículos no mercado brasileiro. Foram 172,8 mil unidades em agosto: o pior resultado para o mês desde 2005. A queda foi de 1,5% sobre julho e de 5,8% em relação a agosto de 2020.
Por outro lado, pela primeira vez na história os SUVs venderam mais que a soma de hatches e sedãs no país.
Outro destaque positivo do período vai para os carros elétricos e híbridos. Esses modelos atingiram a participação recorde para um mês no mercado, com 3.873 emplacamentos.