Apesar do impacto positivo da redução do IPI dos carros 0 km, guerra na Ucrânia pode afetar a retomada da produção de automóveis
A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) divulgou nesta terça-feira (8) os resultados do setor em fevereiro de 2022.
Mesmo com fatores como a crise dos semicondutores e o impacto da variante ômicron da covid-19 nas fábricas, a indústria fechou o mês com um crescimento de 14,1% na produção, atingindo a marca de 165,9 mil unidades. Já nos licenciamento, o avanço do mercado automotivo brasileiro foi de 2,2% na comparação com o 1º mês de 2022.
Resultados que, segundo a Anfavea, devem ser mais expressivos em março, com o impacto da redução de 18,5% do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para carros 0 km e veículos comerciais novos, anunciado no fim de fevereiro.
“Esperamos uma boa reação do mercado em março, um mês mais longo, sem feriados, com vários modelos com preços reduzidos nas lojas e historicamente mais aquecido que janeiro e fevereiro”, destacou o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes.
Novos preços
Para os carros a gasolina e flex, o impacto do novo IPI sobre o preço de mercado resultar em uma queda de 1,4 a 4,1% no valor de venda. Já nos modelos a diesel esse percentual deve variar entre -1,6% e -4,1%. A mudança irá impactar também nos preços dos carros híbridos (-1,7% e 4,1%) e automóveis elétricos (-1,4% e -3,2%).
“É sempre muito bem-vinda qualquer proposta que alivie a pesada carga tributária sobre a indústria de transformação no Brasil. A redução do Custo Brasil, embora ainda tímida, é benéfica não só para o setor industrial, mas também para a geração de empregos, para os consumidores e para a sociedade como um todo”, completou Moraes.
Guerra na Ucrânia
Por outro lado, a invasão da Ucrânia pela Rússia pode afetar a indústria automobilística brasileira. Embora a Anfavea considere cedo para cravar os impactos do conflito na oferta de carros novos, já é possível afirmar que o prolongamento da guerra certamente irá impactar na recuperação do setor.
Além dos riscos indiretos, como o aumento nos custos do frete (em especial do transporte aéreo) devido às alterações de rotas e o encarecimento das matérias-primas, Rússia e Ucrânia são grandes produtores globais de paládio e gás neônio. Elementos necessários para a produção de chips.