Como era o mercado automotivo nos anos 2000? O que aconteceu de importante naquela época, os principais lançamentos e quanto custava um popular zero km?
A indústria automotiva brasileira começou a se expandir nos anos 50 por decisão estratégica do país de crescimento tecnológico por meio desse segmento. Desde então, houve altos e baixos no setor, sendo os anos 2000 um dos principais momentos para o mercado automotivo.
A partir da década de 90, essa indústria passou por transformações globais, como sua internacionalização e a expansão das fábricas, com elevados investimentos fora dos países “berços” das montadoras.
Com isso, aqui no Brasil, o setor se reconfigurou para receber grandes fabricantes para a produção local, fazendo do Brasil um importante polo automotivo na América do Sul. Mas, ao contrário do que se imaginava, a década de 90 terminou com alta capacidade ociosa, tanto por efeito do baixo crescimento da economia, quanto pelo contágio das crises externas.
Porém, com a virada do século, o país passou por um novo período de investimentos por consequência da expansão do mercado doméstico, trazendo novas oportunidades para as fábricas locais no sentido de modernização de produtos e processos.
Não só essa indústria se expandiu, como outros setores da economia também, fazendo com que o brasileiro tivesse um poder de compra maior. Nos anos 2000, o brasileiro comum passou a ter a possibilidade de adquirir um carro de forma mais fácil.
Um dos principais impulsionadores do consumo no mercado automotivo nos anos 2000 foi a possibilidade de financiamento facilitada pelos bancos e a redução do IPI para os carros populares. Tudo isso fez dos anos 2000 uma terra fértil para popularização de modelos, marcas e principalmente expansão do mercado de venda e revenda de carros novos ou usados.
Principais carros
As quatro grandes marcas (Chevrolet/Ford/Volkswagen/Fiat) aproveitaram bem o “boom” do mercado automotivo nos anos 2000 para lançar e popularizar modelos que marcariam para sempre a história do setor.
Em 2 de setembro de 2000 chegou às lojas o emblemático Chevrolet Celta, apenas com motor 1.0. Três anos depois a empresa estadunidense trouxe a versão mais robusta do hatch, com propulsor 1.4. Com esse lançamento, o conceito de carro popular foi se consagrando.
Ainda nos modelos da GM, temos o Corsa, que apesar de ter sido lançado nos anos 90, ganhou grande parte das garagens brasileiras durante os anos 2000. O primeiro modelo da gama Corsa, o Wind 1.0, chegou ao mercado em fevereiro de 1994, porém, em 2002, a linha passou por uma reformulação, lançando então o novo Corsa na configuração hatchback e sedã, que foi sucesso de vendas.
Já na Fiat, um dos destaque dos anos 2000 sem dúvidas foi o Palio, modelo base para os maiores sucessos da marca no período. Uma das novidades do período foi a até então Palio Weekend, que “se descolou” do irmão hatch e virou apenas “Weekend”. Outro destaque do começo do século foi a Fiat Strada, lançada em 1998 e líder de vendas até hoje.
Já para a Ford, ao contrário das décadas seguintes, os anos 2000 foi uma época de vacas gordas. O Ford Ka, lançado em 1997, foi ganhando cada vez mais o coração do brasileiro. O carro chegou a ganhar o título de melhor carro do ano algumas vezes durante esse período.
Já para a alemã Volkswagen, o destaque ficou com o lançamento do Fox. O projeto totalmente brasileiro trazia dois motores Total Flex (1.0 e 1.6). O hatch fez tanto sucesso que abriu portas para as variantes: CrossFox, SpaceFox e SpaceCross.
Valores dos carros nos anos 2000
Por conta da alta dos preços dos carros atualmente, muita gente compara os preços dos veículos do mercado automotivo nos anos 2000 com os de agora. Antes de analisar a fundo ou comparar, é necessário entender o contexto da época.
As montadoras estavam se digladiando nas vendas, buscando atrair o máximo possível de clientes. Com o poder aquisitivo e os juros baixos, a maior preocupação do brasileiro na hora de escolher um carro era a questão de manutenção e economia.
Por isso, as montadoras investiram bastante em modelos simples, porém duráveis e econômicos. Para alcançar esses resultados, os carros que mais vendiam eram os populares. Simples, esses modelos não visavam desempenho, mas sim gastar pouco, mesmo que para isso fosse necessário abdicar de tecnologias modernas ou itens de conforto.
Além de tudo isso, também é importante lembrar que o salário nessa época era menor, sendo em 2000 o piso salarial de R$ 150 e em 2010 de R$ 500. Logo, a relação custo x salário era um pouco diferente em comparação a de hoje em termos de valor de moeda.
Em dezembro de 2000, o Gol 1.0 básico custava R$ 16.599, sendo um sucesso de vendas devido ao contexto descrito acima. Já os de topo de linha tinham valores parecidos com os de agora. Por exemplo, o Gol GTI 2.0 era comercializado em dezembro de 2000 por R$ 24.840, ou R$ 83.340 em valores corrigidos para os dias de hoje.
A linha Clio topo de linha custava R$ 11.108. O Fiat Uno básico saía por R$ 7.844, enquanto sua versão mais cara custava R$ 12.320. Já o Ford Ka, concorrente direto do Uno, praticava preços semelhantes, o de entrada por a partir de R$ 8.119 e o topo de linha R$ 11.685.
