Concorrência interna com Mobi e Argo e a mudança na legislação de emissões devem fazer o Fiat Uno sair do mercado brasileiro até o fim do ano.
O quase “quarentão” Fiat Uno deve se aposentar das concessionárias até o final deste ano. Lançado em 1984 com o objetivo combater o Volkswagen Gol, o compacto teve uma trajetória de bastante sucesso por aqui.
O modelo superou a marca de 4 milhões de unidades comercializadas no mercado automotivo brasileiro e suas duas gerações alcançaram grande popularidade na faixa dos modelos populares.
Mas já faz um tempo que o Uno foi colocado de lado na estratégia da montadora. Espremido entre o subcompacto Mobi e o compacto Argo, de projeto mais atual, não sobra muito espaço para o hatch.
Além desse fator mercado, o principal motivo que deve marcar o encerramento da produção do Fiat Uno para o Brasil é a entrada em vigor, em 2022, de uma nova fase do Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores), chamada de L-7.
Essa fase será muito mais exigente e irá demandar muitas mudanças nos veículos.. Os novos limites para emissão de monóxido de carbono e aldeído irão exigir novos sensores e adaptações.
O que é a fase L-7 do Proconve?
A nova medida irá focar no processo inteiro de combustão. Ou seja: as novas regras irão valer desde a entrada do combustível no tanque até sua saída pelo escapamento.
O Proconve L-7 torna mais rígida a emissão evaporativa de gases. O teste será realizado em uma câmara hermética com variação de temperatura e pressão por dois dias (48h). Na avaliação, será permitido a emissão de até 0,5 g de combustível por dia. Atualmente o limite é de 1.5 g em um tempo de apenas duas horas.
Um ponto importante é a maior exigência quanto ao trabalho do cânister, filtro de carvão coleta o vapor do combustível no tanque. A partir de 2022 será necessário o uso de um componente maior. Além disso, os dutos e tanques de combustível deverão ser feitos de plástico ou metal com várias camadas.
O Fiat Uno, por exemplo, atualmente tem seu tanque de combustível feito de plástico monocamada por conta do seu baixo custo. Outro problema que o hatch também se depara com a nova norma é seu tamanho.
O redesenho de vários componentes faria o projeto de ficar muito caro para um carro popular. Investimento que pode não compensar em modelos de projeto mais antigo e procura em baixa.
História do Fiat Uno
Quando chegou ao Brasil, o veículo foi inovador em vários aspectos, oferecendo como uma carroceria compacta com bom espaço interno, por conta do uso do motor em posição transversal.
Apesar da carroceria do carro europeu, o Uno brasileiro aproveitava a mesma plataforma do 147, mantendo inclusive a suspensão traseira independente com o feixe de mola transversal.
No começo, o hatch trazia os motores 1.050 cc a gasolina com 52 cv de potência e o 1.3 com 59 cv, disponíveis em três versões: a S, a CS e a esportiva SX.
Lançado em 1990, o Uno Mille foi o primeiro modelo brasileiro da faixa dos populares. Trazia o motor 1.050 modificado para 994 cm³ para se beneficiar da tributação menor a modelos com propulsores de menos de 1.000 cm³.
Outra versão icônica desta primeira geração foi o Uno Turbo, de 1994, que foi o primeiro carro turbo de fábrica produzido no Brasil e usava um motor 1.4 de 118 cv.
Mesmo com a chegada do substituto Palio, em 1996, o Uno original seguiu disponível no mercado, inclusive com atualizações no visual e novas versões, saindo de cena definitivamente apenas em 2013.
Nesse meio tempo, a Fiat lançou em 2010 uma segunda geração do Uno. Feita sobre a base do Palio, trazia um visual “diferentão” que fez o modelo se tornar um sucesso de público.
A última modificação visual nesse Uno de 2ª geração aconteceu em 2016, quando o modelo incorporou ainda os novos motores 1.0 e 1.3 da família GSE.
Atualmente, o Uno só pode ser encontrado na versão Attractive. O modelo conta com o motor 1.0 Fire EVO flex de quatro cilindros, que desenvolve 75 cv de potência e 9,9 kgfm de torque.
No mercado de carros 0km, O Uno está disponível a partir dos R$ 64.990. Existe a possibilidade da adição de dois opcionais de fábrica: um chamado de predisposição para som (R$ 1.500) e o Kit Visibilidade II (R$ 1.100).