Entenda como funciona o câmbio automatizado de dupla embreagem, transmissão muito popular atualmente em carros de apelo esportivo.
Em linhas gerais, a transmissão de dupla embreagem é uma evolução do câmbio automatizado convencional, combinando a automação nas trocas de marchas com um princípio de funcionamento mais próximo dos câmbios manuais.
Falando assim, parece simples. Mas um câmbio de dupla embreagem é um mecanismo mais complexo em comparação com outros tipos de câmbio. E que agrega alta tecnologia.
O primeiro carro de produção em série a contar com um câmbio deste tipo foi o Volkswagen Golf R32 de 2003, versão esportiva do hatch médio que usava um motor 3.2 V6 de 240 cv.
O câmbio de dupla embreagem traz dois eixos primários, um para marchas pares e outro para ímpares e marcha a ré, acoplados cada um a sua embreagem.
Essas transmissões de dupla embreagem podem ser do tipo seca, comandada por um sistema mecatrônico eletroeletrônico, ou úmida, com discos banhados a óleo e comandada por um sistema mecatrônico eletrohidráulico.
Em todos os casos, o gerenciamento do sistema é por meio de uma central eletrônica de transmissão. Essa, por sua vez, trabalha em conjunto com a central do motor.
Detalhes do funcionamento
Como foi dito acima, o câmbio de dupla embreagem funciona com embreagens diferentes para marchas pares e ímpares.
Com isso, enquanto o veículo está com uma marcha par engatada, a ímpar já fica pré-engatada, esperando apenas o sinal de mudança de marcha vindo dos sistemas eletrônicos do veículo ou comandada pelo próprio motorista.
O resultado é um tipo de câmbio que é conhecido pelo seu funcionamento suave. E, ao mesmo tempo, pela agilidade das trocas de marcha no modo automático.
Desempenho é que superior ao das transmissões automáticas tradicionais e até em comparação com os câmbios manuais. O que explica o fato de este tipo de câmbio estar virando quase um padrão em muitos modelos de alto desempenho.
Além da Porsche com o câmbio PDK (mostrado na imagem acima), outros fabricantes oferecem modelos com câmbio de dupla embreagem no mercado automotivo local, como a Audi (S-Tronic), Volkswagen (DSG), Mercedes-Benz e Caoa Chery.
Manutenção e problemas
Como já se imagina, para realizar esse tipo de manutenção é necessário um profissional extremamente preparado, já que o sistema em si possui alta tecnologia.
Além da necessidade de um profissional qualificado para a manutenção, o custo de reparo também é elevado. Por exemplo: os discos de embreagem dessa transmissão não saem por menos de R$ 2.500.
A troca em si não é complexa, porém são necessárias ferramentas especiais para a retirada das embreagens. Além disso, o mecânico precisa ter um scanner para realizar uma leitura do conjunto. Ao final do procedimento ele terá que reiniciar o sistema da transmissão.
Alguns casos de problema com câmbio de dupla embreagem ficaram famosos desde a chegada deste tipo de transmissão no Brasil.
Um deles foi a envolvendo o Powershift, da Ford. Projetado pela Getrag, o câmbio de embreagens secas equipou no mercado automotivo brasileiro os modelos EcoSport, Fiesta e Focus.
Vários proprietários de veículos equipados com a transmissão sofreram problemas com o desgaste prematuro das embreagens, trepidação em excesso e perda repentina de potência. Isso levou a Ford a estender o tempo de garantia do câmbio para dez anos ou 240 mil km, além de oferecer o reparo gratuito para as unidades problemáticas.
Outro caso que surgiu no Brasil foi o da caixa DQ200, que equipou os Audi A1 e A3 e o Volkswagen Golf de 7ª geração vendidos no Brasil. Há relatos de problemas que vão desde o desgaste prematuro das embreagens até falhas em módulos e na unidade mecatrônica da transmissão.