Desde o processo para a sua fabricação até o plano (ou a falta dele) para descarte das baterias. Saiba como um carro elétrico polui.
É inegável que estamos caminhando para um mundo onde os carros elétricos serão maioria nas ruas. Sem a poluição da queima de combustíveis, as vantagens ambientais são enormes na comparação com veículos a combustão. Principalmente na qualidade do ar das grandes cidades
Porém, diferente do que muita gente acredita, o carro elétrico também é poluente. A diferença é que esse impacto ambiental não se dá na forma de fumaça saindo pelo escapamento. Confira a seguir em quais situações um carro elétrico também polui.
Fabricação de um carro elétrico
Um estudo realizado em 2020 pela Volvo aponta que a pegada de carbono (índice que aponta a quantidade de carbono emitida) do processo de produção do elétrico Volvo XC40 Recharge Pure Electric é 20% superior a aquela do XC40 a combustão.
A empresa explica que somente na extração, refino e estampagem de metais, o XC40 T5 (a combustão) produz 73% de poluição na fase produtiva. Nessa fase, aço e ferro são responsáveis, sozinhos, por mais 35%, contra 34% gerados pelo alumínio, 1% pelo cobre e 1% por outros elementos metálicos.
Ainda há a inserção de componentes eletrônicos, essenciais nos veículos hoje em dia. Esses itens causam 13% das emissões, contra 11% emitidos por componentes de plástico, 2% por fluidos, 1% pelos pneus e 2% por outros materiais diversos.
Agora, no caso do XC40 Recharge, a participação dos metais cai para 51% (alumínio, 29%; aço e ferro, 19%; cobre, 1%; outros metais, 2%). É que as baterias de íons de lítio entram na jogada e assumem uma fatia de 29% das emissões, ante 9% de eletrônicos, 7% de plásticos, 2% de fluidos, 1% de pneus e 1% de outros materiais.
Poluição da tomada
Por esse motivo, a Volvo ressalta em seu estudo que um carro elétrico só é realmente mais limpo que um modelo a combustão se a matriz energética utilizada para carregar a bateria também for limpa.
Esse é o caso, por exemplo, do Brasil, onde 83% da sua eletricidade é gerada por fontes renováveis. Mas em países como a China, mais de 60% da eletricidade é produzida em usinas termelétricas a carvão mineral.
Caso contrário, o que irá acontecer é simplesmente o deslocamento da poluição atmosférica das cidades para as áreas próximas a zonas industriais ou de usinas de geração de energia elétrica.
Descarte e reciclagem
Além da poluição na produção e na rodagem, também existe a preocupação com a produção e descarte das baterias.
Empresas importantes do segmento, como por exemplo a Tesla, já trabalham para tentar amenizar os impactos ambientais de suas baterias, procurando por novos processos de fabricação que usam menos água, menos energia e trocam o lítio por silício, o elemento mais abundante na superfície da Terra.
As baterias podem ser recicladas ao final da sua vida útil. Mas os seus componentes são nocivos à natureza e provocam graves danos ao meio-ambiente em caso de descarte irregular.
A parte boa é que já existem soluções para o reaproveitamento dessas baterias quando elas já não servem mais para os carros. Mesmo não servindo para equipar um automóvel, elas ainda podem servir para outras aplicações.
Já existem, por exemplo, as “casas off-grid” que utilizam baterias velhas de carros da Tesla e da Nissan para armazenar energia solar para uso à noite.
As baterias também já são usadas em estações de armazenamento de energia que servem como backup para redes públicas de grandes cidades, como é o caso na Austrália.