Direção e celular não combinam, mas muitos motoristas ainda insistem. Se o aparelho está logo ali do lado, a tentação de pegá-lo a cada notificação que chega parece ainda maior. Pensando nisso, a Nissan apresentou um protótipo que voltou no tempo, mais precisamente ao século XIX, para resolver esse problema típico do século XXI.
A montadora transformou o apoio de braço entre os bancos dianteiros em uma gaiola de Faraday, dentro da qual o celular é colocado. Para quem já não se lembra mais das aulas do ensino médio, o professor Telmo, do canal Física Sinistra, explica o funcionamento desse sistema:
— A gaiola de Faraday funciona como uma blindagem elétrica e protege instrumentos e/ou aparelhos muitos sensíveis colocados em seu interior. É basicamente uma gaiola feita de um material condutor (ferromagnético), que impede a entrada de campos eletrostáticos bem como os campos eletromagnéticos, cujos comprimentos de onda sejam superiores ao tamanho da malha — conta o professor.
Aparelho ligado, motorista desconectado
Como bloqueia essa passagem de campos eletrostáticos e eletromagnéticos, a gaiola de Faraday — que recebeu o nome do físico Michael Faraday, o primeiro a praticar esse fenômeno — deixa o celular fora de área.
Assim, nenhuma ligação ou mensagem serão recebidas enquanto o aparelho estiver dentro do compartimento, batizado pela fabricante de Nissan Signal Shield (ou “escudo de sinal”, em tradução livre). Ele também desconecta o celular de redes Wi-Fi e pareamentos Bluetooth.
O médico Dirceu Rodrigues, diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), chama a atenção para a distração representada pelo celular.
— Enquanto você está falando ao celular, você está desconectado da direção, está numa espécie de piloto automático, e o risco de acidente é muito grande — afirma ele, acrescentando que a chance de uma batida ou um atropelamento aumenta em 400% em função do uso do aparelho.
80 metros em 3 segundos
Há quem argumente que a distração é rápida, gastando só o tempo de pegar o celular no banco do carona e checar se a notificação não é importante. Contudo, mesmo alguns segundos sem olhar para a rua já podem causar um acidente, ressalta Rodrigues:
— Pegar o celular leva de 3 segundos a 4 segundos, nos quais o motorista perde a visão anterior, lateral e posterior do carro. Se estiver a 100km/h, ele vai percorrer 80m só nesse tempo — diz.
Ele acrescenta que, se perguntado, o condutor não saberá informar, por exemplo, sobre o que havia na rua ou estrada nesse período de distração. E lembra que o efeito é ainda pior caso o motorista esteja digitando uma mensagem.
Infração gravíssima
Vale lembrar que mexer no celular enquanto dirige é uma infração gravíssima segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
Isso significa que o motorista terá 7 pontos acrescidos na CNH e deverá pagar uma multa de R$ 293,47. Ou seja, além de trazer perigo ao trânsito, pode ter prejuízos no bolso também.
Portanto, fica a dica: nada de dirigir enquanto usa o celular. Se for alguma emergência, encontre um local seguro para estacionar e utilizar o aparelho. Assim, você colabora para um trânsito mais seguro!