Conhecida como a cor mais escura do mundo, Vantablack também foi empregada em carros de exposição. Entenda o que é aqui
A BMW mostrou no Salão de Frankfurt (Alemanha) de 2019 um exemplar do modelo X6 pintado com o Vantablack, o tom de preto mais escuro do mundo.
Por conta da tonalidade extremamente escura, o modelo parece até uma sombra no formato do crossover, como se alguém tivesse feito uma montagem no Photoshop. E muita gente começou a se perguntar o que era esse tal de Vantablack.
O que é o Vantablack
O Vantablack não uma tinta ou pigmento automotivo, mas sim composto de carbono puro, que é capaz de absorver 99,97% da luz que incide sobre ele. Mas o que poucos sabem é que o segredo não está na composição do material, mas na forma como ele é depositado sobre a superfície.
O material usado no modelo da BMW foi criado pelo Laboratório Nacional de Física do Reino Unido em 2006 e desenvolvido para aplicações aeroespaciais.
A tecnologia se chama Vantablack porque suas letras iniciais significam “Vertically Aligned Nano Tube Array”. Que em tradução literal significa “matriz de nanotubos alinhados verticalmente”, ou, mais simplificado, uma matriz feita de carbono.
O que são os nanotubos?
Cada um dos nanotubos de carbono tem um comprimento de 14 a 50 micrômetros, com um diâmetro de 20 nanômetros, tornando-o cerca de 5.000 vezes mais fino que um fio de cabelo humano.
Como resultado, cerca de um bilhão desses nanotubos de carbono alinhados verticalmente cabem em um centímetro quadrado. Qualquer luz que atinge esta superfície é quase completamente absorvida em vez de refletida e convertida em calor.
Dessa forma, uma vez que a superfície é revestida com Vantablack, perdemos qualquer noção de profundidade ao observá-la – ela fica parecendo uma massa preta totalmente uniforme.
A Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos, já havia desenvolvido um material similar. Porém ele só podia ser criado a temperaturas de pelo menos 750°C.
Como precisa de uma temperatura mais baixa para ser feito, o Vantablack é mais vantajoso em termos de custo, pois pode ser aplicado sobre materiais menos resistentes ao calor.
Aplicações do Vantablack
O material pode ser usado em diversas aplicações, que na maioria das vezes tem o objetivo de exploração espacial. Por exemplo, o Vantablack pode ser utilizado para absorver luz indesejada e impedir que ela seja captada por telescópios, aumentando sua eficiência.
Ele também pode ser usado para melhorar a eficiência de câmeras com infravermelho, aumentando assim a capacidade de absorção de calor de painéis solares; e até mesmo ser usado para esconder aviões de radares – os nanotubos de carbono são capazes de absorver também radiação não visível, como as micro-ondas usadas em radares.
Quem produz o Vantablack
A cor ou marca Vantablack são pertencentes à empresa britânica Surrey NanoSystems. O Vantablack começou a ser vendido em 2014 e, de lá para cá, a Surrey criou variações do Vantablack mais fáceis de aplicar usando um arranjo aleatório de nanotubos de carbono, em vez do arranjo vertical usado normalmente.
O mercado da tecnologia é enorme, sendo que existe até uma tinta em spray que, embora não seja feita à base de nanotubos, produz efeito semelhante, sendo também feita à base de carbono.
Apesar de não ter detalhado, especialistas acreditam que esta tenha sido a versão do Vantablack utilizada no BMW X6, pois não seria viável submeter os painéis da carroceria a temperaturas tão elevadas como a tecnologia requer.