Toyota Corolla Cross híbrido é o único rival do Jeep Compass com motorização híbrida e com preço similar, mesmo assim perde em vários quesitos para o rival.
O nome Corolla carrega uma história de sucesso no mercado automotivo mundial, afinal, o modelo da Toyota é o carro mais vendido da história.
Modelo que já teve carrocerias hatch, sedã e até perua (quem não lembra da Fielder? Ô saudades…), em 2021 ganhou a tão requisitada carroceria SUV para reinar absoluto no mercado. E vendeu (muito) bem!
Segundo a Fenabrave, o Corolla Cross fechou o ano de 2021 com 34.255 emplacamentos, sendo o segundo SUV médio mais vendido do mercado, ficando atrás, justamente, do ainda líder absoluto Jeep Compass, que fechou o período com 70.923 emplacamentos.

Mas vale ressaltar que o SUV da Toyota começou a ter os primeiros emplacamentos somente em março de 2021, quando começou a ser vendido.
São excelentes números, mas se considerarmos uma média mensal, cerca de 3.500 emplacamentos, se o Corolla Cross estivesse vendendo desde o início do ano, mesmo assim ele não alcançaria o Compass. O Jeep ainda é absoluto nesse mercado.
Mas como um SUV que carrega a segurança e a confiabilidade da marca Toyota, da grife Corolla e ainda com tecnologia avançada pode não ser o rei do segmento? Bom, há motivos para isso e explico isso melhor nas próximas linhas.
Design do Corolla Cross híbrido

Apesar de carregar o nome do sedã Corolla, a versão SUV pouco carrega do irmão.
Visualmente falando, há poucas semelhanças, apesar de ambos os modelos dividirem a mesma plataforma TNGA-C, porém o SUV tem distância entre-eixos menor, de 2,64 m contra 2,70 m no sedã.
De frente, o Corolla Cross traz frente alta, grade do tipo colmeia pintada em preto brilhante e com moldura cinza, faróis fullLED (na versão avaliada XRX, topo de linha) afilados, para-choque grande e sem muita ousadia nos recortes e com faróis de neblina, também em LED, posicionados nas extremidades da porção inferior.

De lado, o Corolla Cross tem visual conservador e nem mesmo aposta em pintura em dois tons com o teto escurecido, como é muito comum neste segmento.

No entanto, a combinação de para-brisa bem inclinado com a moldura cromada dos vidros, que segue desde o retrovisor até a junção com o spoiler traseiro, dá ar de modernidade e requinte.
Outros pontos de destaque estão nas belas rodas de 18 polegadas, calçadas por pneus de perfil 225/50 e na moldura plástica que acompanha toda a lateral do SUV, do para-choque dianteiro ao traseiro, passando pelas caixas de roda.
Isso faz com que o Corolla Cross pareça mais alto do que realmente é. O Corolla Cross tem vão livre do solo apenas 1,3 cm maior que o Corolla sedã.
Na traseira, as mudanças são ainda mais significativas, com lanternas estreitas que vão desde a lateral do veículo até a tampa do porta-malas, para-choque grande com aplique em plástico preto em quase toda sua extensão e spoiler traseiro. O conjunto é bem bonito, mas o que não orna, na verdade, é o silencioso do escapamento que fica quase todo a mostra.

Acabamento interno do Corolla Cross híbrido

Se por fora o Corolla Cross é bem diferente do sedã, por dentro as similaridades são muito maiores.
Ambas as versões dividem quase todo o interior, como painel, painel de instrumentos, central multimídia e bancos. De diferente mesmo só o painel de portas (que são diferentes justamente por terem portas de dimensões diferentes).

Todos os comandos também são iguais, como os botões dos vidros elétricos e da regulagem dos retrovisores.
Apesar de iguais, não quer dizer que isso seja algo ruim. O acabamento, de modo geral, é de boa qualidade e na versão avaliada, a XRX Hybrid, a mais completa da gama, o interior vem em dois tons, com mescla de preto na porção superior do painel e bege claro na inferior, replicado na cor dos bancos em couro.
Há outros detalhes de acabamento, como apliques em preto brilhante e plásticos que imitam alumínio. O volante multifuncional também tem acabamento em couro.
O teto é todo revestido em preto e traz teto solar, que ao contrário do Jeep Compass, por exemplo, só ocupa a área dos bancos dianteiros, enquanto o rival traz opção panorâmica que vai dos bancos dianteiros até os traseiros.

De negativo dá para destacar o layout da interface da central multimídia, que parece ultrapassado perante o mercado e perante o segmento de SUVs médios, principalmente. Ela tem fontes simples e fundo que mescla preto, azul e branco.

Só se torna colorida quando conectada a um smartphone com plataforma Apple CarPlay ou Android Auto.
O painel de instrumentos também tem aparência ultrapassada, mas traz velocímetro digital e na lateral esquerda os dados do sistema híbrido, que reproduz ainda qual modo de condução está sendo utilizado: Power (potência máxima), Eco (prioriza economia de combustível e Charger (quando regenera a carga das baterias). Já do lado direito do painel há os mostradores de nível de combustível e temperatura do motor.

Também no painel de instrumentos é possível visualizar informações como o consumo médio/instantâneo de combustível, o alerta de colisão, alerta de ponto cego, manutenção da faixa de rodadem, controlador de cruzeiro (ACC) e em qual momento o sistema híbrido está: usando motor elétrico, o motor a combustão ou ambos combinados.
Outro ponto de ressalva é para o arcaico freio de estacionamento com acionamento de pé, como nas picapes dos anos 90. Faltou tato da Toyota ao optar por um acionamento eletrônico através de botão no console central, como ocorre com quase todos os modelos da categoria.
Dirigindo o Toyota Corolla Cross XRX Hybrid
Outro item compartilhado com a versão sedã é a motorização híbrida flex. O Corolla híbrido vem equipado com o motor 1.8 flex de até 101 cv (etanol) 14,5 kgfm de torque e o elétrico de 72 cv e 16,6 kgfm.

Combinados, a potência máxima é de 122 cv e o torque máximo de 24,1 kgfm. O câmbio do tipo CVT, no entanto, é diferente no Corolla Cross e isso trouxe uma experiência positiva na condução.
Aqui não há simulação de marchas perceptíveis. Ou seja, a aceleração parece contínua, com ganho de velocidade constante e sem ruídos altos vindos do motor nas trocas.

Isso acontece porque, nas arrancadas, o motor elétrico é quem atua enquanto o motor a combustão aguarda para entrar no momento certo. Essa combinação é tão acertada que faz parecer que o Corolla Cross é mais potente do que realmente é.
Mas ao contrário do que ocorre com a maioria dos híbridos, o Corolla Cross não é um híbrido Plug-In, ou seja, que pode ter suas baterias recarregadas também em tomada externa.
No SUV da Toyota isso só ocorre através do sistema de freios regenerativos ou pelo motor a combustão. Quando as baterias chegam a níveis baixos, o sistema passa a atuar como um gerador de energia e isso impacta diretamente na dirigibilidade e no consumo de combustível.

Quando somente o motor a combustão atua, as trocas de marchas são um pouco mais perceptíveis, mas o bom isolamento acústico ajuda no silêncio a bordo. Há notável falta de fôlego do motor flex.
A direção eletroassistida é bem calibrada e combina leveza e peso para tornar a dirigibilidade confortável e segura, principalmente em trajetos rodoviários onde a sensibilidade na condução é importantíssima.
A suspensão também é calibrada para o conforto e, mesmo com conjunto traseiro com eixo rígido (no sedã a suspensão é multibraços), rodar em vias irregulares é algo bastante tranquilo para todos os ocupantes.
Consumo do Corolla Cross híbrido
Tive a oportunidade de rodar com o Corolla Cross XRX por uma semana em trajetos urbanos e rodoviários e como era esperado de um híbrido, ele bebe pouco.
Com a bateria do sistema elétrico cheia, o consumo urbano ficou na casa dos 17,6 km/l e o rodoviário em 19 km/l.
O problema é quando a bateria atinge o nível mínimo e o motor a combustão passa a carregar o sistema. Quando isso ocorre, mesmo parado em semáforos o sistema mantém o motor acelerado para agilizar a recarga.
Assim, o consumo caiu para 13 km/l no ciclo urbano e 15 km/l no rodoviário, ambos com gasolina no tanque. Não são números ruins, longe disso, mas só mostra como faz falta ao Corolla Cross ser um híbrido Plug-In.
Itens de série do Corolla Cross híbrido na versão XRX

Como um SUV médio, o Corolla Cross híbrido é bem equipado. Na versão de topo XRX, a que avaliamos, o modelo traz itens de série como ar-condicionado digital de duas zonas, saída de ar-condicionado para os bancos traseiros, bancos em couro na cor bege, teto solar elétrico, iluminação ambiente, rodas de 18 polegadas, sensor de estacionamento, câmera de ré, central multimídia de 8 polegadas, volante multifuncional com ajuste de altura e profundidade, faróis e lanternas em LED, airbags frontais, laterais e de cortina, sensor de chuva, controle de cruzeiro adaptativo, controle de tração e estabilidade, alerta de ponto cego, frenagem automática e assistente de permanência em faixa.
Conclusão

Na versão de topo XRX, o Toyota Corolla Cross custa a partir de R$ 206 mil (preços em janeiro de 2021) e concorre com modelos que não são híbridos.
Isso é um ponto mais do que positivo para o nipo-brasileiro, mas nessa faixa de preço, só se torna um bom negócio se o cliente buscar um carro econômico e com bom valor de revenda.
Se for buscar carros mais completos e que andem mais, o Jeep Compass Limited (a partir de R$ 198 mil) tem visual que chama mais atenção, anda bem mais que o Corolla Cross e é mais bem equipado. Só que bebe mais, mas este ano deve chegar o Compass híbrido para igualar essa briga.
O Volkswagen Taos highline 250 TSI (a partir de R$ 200 mil) também anda mais que o Toyota Corolla Cross, visual mais moderno e é tão equipado quando.
Aí vai da preferência do consumidor. Pensando no bolso e com o frequente aumento no preço dos combustíveis, eu iria de Corolla Cross XRX.
Agora, pensando em prazer em dirigir e mais itens de série, iria no Jeep Compass Limited sem pestanejar.
Outra opinião: Evandro Enoshita

Um dos segredos do sucesso do sedã Toyota Corolla é ser um carro que consegue ser bom em todos os aspectos.
Para agradar a um público amplo, ele abre mão de ser um automóvel emocional, buscando um equilíbrio extremo em todas as suas características.
Pois esse Corolla Cross repete exatamente a fórmula do sedã. Mesmo vestindo a carroceria SUV, ele parece ter sido pensado para o mesmo cliente do modelo de três volumes, repetindo as suas virtudes e pontos de melhoria.
Se você pensa em migrar do Corolla Sedã para o SUV, pode seguir sem medo. O Corolla Cross não é uma má compra. Nessa configuração XRX Hybrid que avaliamos, sobra conforto e bom consumo de combustível. Qualidades importantes se o objetivo for usá-lo diariamente no trânsito das grandes cidades.
Mas, como foi bem lembrado pelo meu colega Fernando Naccari, na mesma faixa de preço o mercado tem outras opções para os que buscam visual ou desempenho mais empolgantes, como o Jeep Compass com o motor 1.3 GSE Turbo de 185 cv.
Ficha Técnica Toyota Corolla Cross XRX Hybrid
Motor | dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16 válvulas, duplo comando com variador na admissão, flex + 2 motores elétricos |
Cilindrada | 1.798 cm3 |
Combustível | Flex + elétrico |
Potência | Motor a combustão: 98/101 cv a 5.200 rpm/ 14,5 kgfm a 3.600 rpm; Motores elétricos: 72 cv e 16,6 kgfm Motores combinados: 122 cv |
Torque | Motor a combustão: 14,5 kgfm a 3.600 rpm; Motores elétricos: 16,6 kgfm Motores combinados: 122 cv e 24,1 kgfm |
Câmbio | transeixo com CVT |
Direção | Eletroassistida |
Suspensões | Independente McPherson dianteira e eixo de torção na traseira |
Freios | Discos sólidos na dianteira e sólidos na traseira com ABS e EBD |
Tração | tração dianteira |
Dimensões | 4.460 mm (comprimento), 1.825 mm (largura), 1.620 mm (altura) |
Entre-eixos | 2.640 mm |
Pneus | 225/50 R18 |
Porta-malas | 440 litros |
Tanque | 36 litros |
0-100 km/h | 13s |
Vel. máxima | 170 km/h |
Consumo cidade (Inmetro) | 17 km/l (gasolina) / 11,8 km/l (etanol) |
Consumo estrada (Inmetro) | 13,9 km/l (gasolina) / 9,6 km/l (etanol) |
Galeria de Fotos do Toyota Corolla Cross XRX Hybrid







































