Honda Civic híbrido consegue combinar os melhores atributos do Civic e se aproximar muito da qualidade de sedãs alemães. Além de tudo, faz 24 km/l na cidade
O Honda Civic chegou a sua 11ª geração com um marco importante: é o primeiro Civic da história a vir equipado com conjunto híbrido e, também, é o primeiro Civic, sem ser de versões esportivas, a não ser produzido no País desde 1998.
Importado da Tailândia, único País a produzir o Civic na carroceria sedã e com powertrain híbrido, é também o primeiro a ser um sedã premium. Houve, inclusive, durante o teste, quem olhasse e falasse: “nossa, achei que fosse um BMW”.
Aos fãs do G10 ficou a boa dinâmica de condução, característica sentida há décadas no modelo, mas o visual esportivo ficou de lado. Mas será que vale investir cerca de R$ 260 mil (preço em novembro de 2023) no modelo? Te conto nas próximas linhas.
Design do Novo Honda Civic híbrido
No âmbito do design, o Civic Híbrido o conceito “Low&Wide”, ou seja, o Civic agora é um sedã “baixo e largo”. Apesar dessa premissa, o visual não é esportivo. Como diz a lenda, cada geração ímpar do Civic adota um visual mais sóbrio, enquanto as pares apostam no esportivo. Lenda ou não, isso confirma aqui.
Destaque para a dianteira com faróis em LED compridos e um “notável” nariz na região onde se localiza a logo da Honda. O capô é longo e tem a parte frontal com uma leve queda, perfil característico dos sedãs BMW, por exemplo.
De lado, o Civic realmente é baixo e o que ressalta isso é a linha de cintura bem demarcada. Além disso, ela também promove uma sensação de maior largura, acentuada pela ampliação da área envidraçada para melhor visibilidade. As rodas são de 17 polegadas, com design interessante, mas o apelo esportivo ficou deixado de lado.
Internamente, a cabine se destaca pelo acabamento de elevado padrão, apresentando um painel horizontal limpo e moderno. Os ajustes elétricos nos bancos dianteiros, o amplo espaço e a atenção aos detalhes, como a inclusão de um sistema de estabilização corporal, garantem uma experiência de condução confortável e envolvente.
Interessante a solução encontrada nas saídas de ar-condicionado: uma espécie de joystick te ajuda a direcionar a ventilação, que fica escondida atrás de uma grade em formato de colmeia.
Vale destacar ainda que o entre-eixos aumentado em 35 mm proporciona um ótimo espaço interno para todos os ocupantes, permitindo quem vai atrás ter as pernas livres.
Motorização do Honda Civic híbrido
O sistema de propulsão e:HEV é composto por um motor elétrico de alta potência, gerando 184 cv e 32,1 kgfm, em colaboração com um motor a gasolina do ciclo Atkinson de 2.0 litros. Este último entrega 143 cv a 6.000 rpm e 19,1 kgfm de torque máximo a 4.500 rpm, sendo alimentado por injeção direta. Adicionalmente, um segundo motor elétrico atua como gerador para a Intelligent Power Unit (IPU), um conjunto compacto de baterias de íons de lítio de 1,05 kWh posicionado sob o assento traseiro.
Na prática, a estratégia de funcionamento faz com que os motores atuem de maneira independente, assim, para sair da imobilidade e para trafegar na cidade, por exemplo, o Civic se comporta como um elétrico puro. Em estrada, onde o motor a combustão é mais eficiente, ele atua, deixando o elétrico em espera.
Mas o mais interessante desta estratégia de funcionamento é que você não perceberá quando estiver usando o motor elétrico. Isso acontece porque o Civic continua fazendo barulhos e dando a impressão de que está trocando de marchas, inclusive você nas reduções. Segundo a Honda, isso é feito através de software que corta combustível do motor a combustão, que não está funcionando na tração das rodas, e simultaneamente corta energia do motor elétrico.
Sistema bastante interessante que “engana” o motorista, mas propicia uma experiência de condução bastante interessante.
Além disso, o sistema e:HEV oferece três modos de condução – EV Drive (100% elétrico), Hybrid Drive (elétrico e combustão) e Engine Drive (somente combustão). Esses modos se alternam automaticamente com base em fatores como topografia, demanda de acelerador e nível de energia nas baterias. O PCU (Power Control Unit) gerencia a alta voltagem gerada pela bateria de íons de lítio da IPU.
Independentemente do modo de operação, frenagens e desacelerações resultam em recuperação de energia, aumentando a economia, especialmente em situações de tráfego intenso. A presença da tecla “Drive Mode” no console oferece ainda opções como “Normal”, “Sport”, “Eco” e “Individual”, permitindo ajustes personalizados para a resposta do acelerador e do sistema de direção, garantindo uma experiência de condução versátil.
Consumo do Civic híbrido
Segundo o Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), o Civic híbrido faz 18,3 km/l na cidade e 15,9 km/l na estrada, mas na prática os números foram bem superiores. Consegui a média de 23 km/l na cidade e 21 km/l na estrada, isso sem poupar o pé e usando o desempenho de que precisava a cada momento da condução.
Assim, a autonomia no ciclo urbano pode passar de 630 km, enquanto no ciclo rodoviário fica na casa dos 730 km.
Itens de Série do Honda Civic 2.0 Hybrid
Entre os principais equipamentos de série, o Civic e:hev traz:
- Oito airbags;
- Bancos dianteiros com ajustes elétricos para motorista e passageiro;
- Chave presencial com partida por botão;
- Ar-condicionado digital de duas zonas;
- Teto solar;
- Central multimídia com tela de 9 polegadas com Apple CarPlay sem fio e Android Auto;
- Faróis full-led;
- Honda Sensing
- frenagem automática de emergência;
- alerta de saída de faixa com correção no volante;
- faróis com facho alto adaptativo;
- piloto automático adaptativo com contorno de curvas e função anda-pára.
- myHonda Connect.
Vale a pena comprar o Civic híbrido?
É, sem sombra de dúvidas, o melhor Civic já fabricado e vendido no Brasil. Apesar de não ter o apelo esportivo de antes, é bonito, tem ótimo acabamento interno, farta lista de itens de série e combina excelente conforto de rodagem com um baixíssimo consumo de combustível.
Seu maior problema é quando olhamos para o preço: hoje custa R$ 260 mil, mas o Governo Federal já avisou que retomará a cobrança de taxa de importação de veículos elétricos e híbridos.
Com isso, já em janeiro de 2024, o Civic híbrido terá uma taxação de 12% sobre o valor, ou seja, se a Honda não ofertar nenhum tipo de desconto, os R$ 260 mil subirão para R$ 291.200. Em julho, o valor passará dos R$ 300 mil, chegando a R$ 306.800.
Por este preço, continua sendo uma excelente opção de sedã híbrido, mas tem nos concorrentes BMW Série 3, Mercedes-Benz Classe C e Audi A3 Sedan um requinte que não pode trazer sendo apenas um Civic. Essa talvez seja o seu maior problema. Se tivesse outro nome, venderia muito mais e não teria tantos “poréns” quanto à sua compra.
Ficha técnica do Honda Civic 2.0 Hybrid
Motor | dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16 válvulas, duplo comando com variador na admissão e escape + 2 motores elétricos |
Cilindrada | 1.993 cm3 |
Combustível | gasolina + elétrico |
Potência | Motor a combustão: 143 cv a 6.000 rpm; Motor elétrico: 184 cv |
Torque | Motor a combustão: 19,1 kgfm a 4.500 rpm; Motor elétrico: 32,1 kgfm |
Câmbio | CVT de 1 marcha |
Direção | Eletroassistida |
Suspensões | Independente McPherson (dianteira) e multibraço (traseira) |
Freios | Discos ventilados (dianteira), discos sólidos (traseira) |
Tração | Dianteira |
Dimensões | 4.679 mm (comprimento), 1.802 mm (largura), 1.432 mm (altura) |
Entre-eixos | 2.735 mm |
Pneus | 215/50 R17 |
Porta-malas | 495 litros |
Tanque | 40 litros |
0-100 km/h | 7,8s |
Vel. máxima | 180 km/h |
Consumo cidade (Inmetro) | 18,3 km/l |
Consumo estrada (Inmetro) | 15,9 km/l |