Nova picape da Fiat traz conjunto mecânico robusto, boa lista de itens de série e preço bem abaixo da concorrência entre as picapes médias do mercado, mas Fiat Titano peca em qualidade do acabamento interno, dirigibilidade e itens de tecnologia.
A Fiat Titano é um caso interessante do quanto o mercado automotivo é cada vez mais global. Primeiro, porque ela é uma picape produzida em parceria com a Changan (uma empresa chinesa) e a Peugeot, para produzir essa picape no restante do mundo.
Aqui, exclusivamente para o Brasil, ela vestiu as cores da marca ítalo-brasileira para trazer o que a Fiat tem de tradição entre suas picapes Fiat Strada (que já foi por muitos meses o veículos mais vendido do Brasil entre todas as categorias) e Toro, objeto de desejo de muita gente.
Com um preço de R$ 259.900 na versão de topo, é mais barata que as demais picapes médias do mercado, mas se você for PJ ou produtor rural, o valor cai para a casa dos R$ 220.000. Se isso é ou não uma boa opção, eu te mostro no vídeo a seguir o no restante do texto. Continue a leitura.
Design da Fiat Titano
Visualmente, o que faz a Titano ser diferente das suas picapes de origem, principalmente a Peugeot Landtrek? Basicamente falando, é só a grade com o logo Fiat. Até as luzes diurnas tem o padrão Peugeot no formato “Dente de sabre”.
Tem uma característica interessante para quem vai usar essa picape no fora de estrada: são os pneus mistos, mas com uma banda de rodagem muito mais focada no fora de estrada do que no asfalto. As rodas são de 18 polegadas e tem visual atrativo.
Aqui na versão Ranch, o que temos de diferenças principais em relação às demais versões são os cromados nos retrovisores, nas maçanetas, nas barras de teto, e o detalhe também na soleira, para dar um aspecto mais premium para a picape.
As maçanetas, por sinal, são bem grandes; de aspecto visual, talvez seja o que eu menos goste da parte externa da picape, porque são muito grandes. Para mim, é grande demais ao ponto de ficar esteticamente feio.
Mas o que é interessante também é a caçamba: na Fiat Titano, ela tem uma das maiores da categoria. Temos 1.090 litros de volume para 1.020 kg de capacidade, com 3,5 toneladas de capacidade de reboque.
O único problema para mim é o peso da tampa traseira: se você soltar, vai fazer barulho porque não tem nenhum amortecimento. Pelo menos tem o interior revestido, o que ajuda a não arranhar a carroceria.
Interior da Fiat Titano
No interior, temos um tipo de plástico que encontramos nos veículos da Peugeot, com o mesmo tipo de característica visual de textura, algo que a Fiat não tem. Mas, para mim, isso é um ponto positivo, porque os veículos da Peugeot são superiores neste quesito, com bom arremates e sem rebarbas aparentes. O acabamento, em geral, é de boa qualidade, mas bem abaixo se comparado às demais picapes médias, como S10, Ranger e Hilux.
O volante multifuncional é grande, revestido em couro e ergonômico, ideal para uma picape. O que talvez seja um ponto a ser considerado é que ele tem assistência hidráulica, então é um pouquinho mais pesado em manobras. Se você se acostumou com um carro que tenha volante com assistência elétrica, vai sentir uma diferença importante aqui.
O painel de instrumentos tem uma telinha digital de 4 polegadas colorida, de visual bastante simples. Vindo para a parte central do console, temos uma central multimídia de 10 polegadas que, esteticamente, é bastante parecida com a do 208. Mas a interface é bem mais simples, para não dizer que é antiquada.
Talvez o termo certo seja antiquado, porque ela tem um visual que não condiz com a atualidade, com a tecnologia que vemos nos veículos da Peugeot ultimamente. Parece ter ficado parada no tempo.
Como ponto positivo, você consegue fazer a conexão com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, para reproduzir e espelhar o que você precisa das funções, principalmente para suas músicas ou mesmo seu GPS preferido.
Mas vale ressaltar que ela vem com GPS nativo, o que é um ponto positivo caso você não queira utilizar o seu celular ou esteja em uma região com uma conexão de internet ruim.
O ar-condicionado de duas zonas, então passageiro e motorista conseguem controlar a temperatura de maneira individualizada. O mostrador é digital no painel de instrumentos, embora os botões de acionamento sejam “analógicos”.
Outra característica que vemos nos veículos Peugeot são os chamados “toggle shifts”. Neles, por exemplo, temos o botão de bloqueio do diferencial traseiro, assistência de descida em rampa, controle de tração e um botão individual para travar e destravar as portas, além das luzes de advertência.
Mais abaixo, temos o botão de acionamento do sistema de câmeras 360°, que é um ponto positivo dessa picape. Este sistema traz uma visão 3D; você consegue girar e ver quais câmeras quer visualizar do veículo com uma resolução até que surpreendente.
Por fim, chegamos na área de câmbio, que é um câmbio automático de seis marchas, com possibilidade de trocas manuais, dois modos de condução (Eco e Sport) e uma chave seletora para os modos de tração: somente traseira, tração 4×4 alto e reduzida.
O espaço traseiro até que é bem legal, tem uma boa posição sentado, quase no formato cadeirinha. O assoalho não é plano, tem a passagem do cardã para o eixo traseiro na faixa central, mas é possível ficar numa posição boa.
A inclinação do banco não é tão reta, então é possível ficar com as costas numa posição confortável. Tem apoio de braço central, caso não leve ninguém ali com dois porta-copos.
Como vantagens, temos a saída de ar-condicionado para os passageiros da traseira. Há ainda uma saída USB e esses ganchinhos aqui para carregar sacolas, que suportam até 4 kg. Isso é uma solução interessante para quem tem picape e acaba não usando a caçamba como bagageiro.
Uma coisa que eu esqueci de falar para é que os bancos dianteiros, nessa versão Ranch, têm regulagem elétrica tanto para o motorista quanto para o passageiro, o que é um ponto bem positivo, pois, normalmente, o que acaba acontecendo é que só o motorista ter essa regulagem.
Teste drive da Fiat Titano Ranch
A Fiat Titano veio equipada com motor 2.2 Turbo Diesel de 180 cv e 40,8 kgfm de torque. É o mesmo conjunto mecânico utilizado nas vans da linha Stellantis, como, por exemplo, a Fiat Ducato ou a Citroën Jumper.
A utilização deste conjunto faz com que a Titano tenha um custo de manutenção inferior às concorrentes do segmento, pois já tem um conjunto conhecido e sem histórico de problemas recorrentes.
Apesar da potência às demais picapes médias (na casa dos 200 cv), não senti falta de força nem de desempenho nessa picape. O conjunto parece até sobrar na Titano, o que torna a convivência muito boa com ela, seja na cidade ou na estrada.
Na prática, os modos de condução ajudam bem na rotina com a picape. No modo Eco o acelerador fica um pouquinho mais manso, um pouquinho mais lento nas respostas, e as trocas de marchas ocorrem em rotações um pouco menores, para favorecer o menor consumo.
Já no modo Sport, quando acionado, a resposta é mais áspera, imediata e o motor sobe de giro rápido. Se alguém reclamar de desempenho na Titano, “tá reclamando errado”.
Do ponto de vista de características de dirigibilidade, a Fiat Titano consegue te oferecer uma condição de rodagem que é muito semelhante ao que tínhamos nas picapes médias da geração anterior. É uma picape mais bruta, mais rústica, mais “na mão”, não tão característica das picapes mais novas, que estão cada vez mais parecendo SUV’s.
Para quem gosta de picape raiz, de picape mais parruda, a Titano oferece um feedback mais real de condução. Você sente mais o asfalto, sente mais o comportamento da picape, e isso favorece a dirigibilidade de quem dirige porque gosta.
Mas nem tudo são flores, principalmente do ponto de vista de manobrabilidade. A assistência hidráulica deixa tudo um pouco mais pesado e, como acréscimo, o raio de giro dessa picape não é dos melhores.
Para sair de uma vaga ou para manobrar o carro, é mais difícil. Você precisa fazer mais manobras do que precisaria nas demais picapes do segmento. Na minha vaga de garagem, por exemplo, eu tenho que manobrar duas, três vezes, sendo que com outros carros maiores eu consigo sair de uma vez só.
Outro ponto negativo também é o conforto da suspensão. A suspensão dessa picape é bastante robusta; tem um conjunto duplo A na dianteira e eixo de torção na traseira, com molas elípticas, que é o tradicional que esperamos para uma picape que vai carregar peso.
O problema é que ela tem a mesma característica de comportamento das picapes médias antigas, que, quando está com a caçamba vazia, fica dura demais na traseira, o que faz com que ela pule demais.
Então, se você for andar com ela numa rua ou num trajeto que tenha um asfalto prejudicado, quem andar atrás vai sofrer (enjoar). Mas, para o motorista, para quem gosta de dirigir, para quem tem esse gosto por dirigir picapes médias, talvez essa aqui seja uma das mais interessantes do mercado.
Consumo de combustível da Fiat Titano Ranch
Mas aí vem aquela pergunta: “e o consumo de combustível?” Eu fiz com essa picape basicamente dois testes: um teste andando em trânsito pesado, com modo de condução no Eco e tentando forçar a melhor condição de consumo para uma pior condição de rodagem possível, ou seja, com trânsito pesadíssimo e com muito sobe e desce.
Nessas condições, ela fez 8,7 km/l de diesel, que é uma média bastante considerável. Mas, na estrada, ela me surpreendeu positivamente. Usando o modo normal e fazendo um trecho de descida e subida de serra (descida de serra todo santo ajuda, mas na hora de subir é que a gente acaba forçando mais, precisa gastar mais da potência do motor e acaba elevando o consumo), nesse consumo combinado, ela fez 12 km/l, que, para mim, é um consumo bastante interessante e que pode ser bastante decisório para você na hora de comprar essa picape.
Itens de série da Fiat Titano Ranch
Como versão de topo de linha da picape média da Fiat, a Titano Ranch traz como itens de série:
- Conforto e Conveniência:
- Ar-condicionado digital de duas zonas
- Bancos do motorista e passageiro com ajustes elétricos
- Rebatimento automático dos retrovisores
- Chave presencial (sistema Keyless)
- Volante multifuncional com ajustes de altura e profundidade
- Tecnologia:
- Central multimídia de 10 polegadas com Android Auto e Apple CarPlay
- GPS nativo
- Câmera 360°
- Monitoramento de pressão dos pneus
- Segurança:
- Sensores de estacionamento dianteiros e traseiros
- Sensores de chuva
- Faróis automáticos e faróis de LED
- Luzes diurnas e lanternas em LED
- Aviso de saída de faixa
- Design e Estética:
- Rodas de 18 polegadas com pneus 265/60
- Santantônio e estribos laterais integrados
Apesar da variedade de itens, a picape não possui alguns sistemas avançados de assistência ao motorista, como piloto automático adaptativo, frenagem automática de emergência, alerta de tráfego cruzado traseiro ou faróis altos automáticos. Também não há carregador de celulares por indução, que é oferecido apenas como acessório de concessionária.
Vale a pena comprar a Fiat Titano Ranch?
A Fiat Titano é uma aposta bastante interessante da Fiat aqui no Brasil para esse segmento de picapes médias justamente por ela não rivalizar diretamente com as picapes demais do segmento, como a Ranger, a S10, ou a própria Hilux, que são picapes de um nível realmente superior, mas com preços também bastante superiores.
A Titano Ranch é bem equipada, boa de dirigir, tem um ótimo consumo de combustível e é uma opção bem legal para quem está pensando em dar um upgrade, vindo de uma Fiat Toro, por exemplo, até uma picape média, sem ter que investir tanto para isso.
Para quem é produtor rural ou PJ, o preço cai para a casa dos R$ 220.000, o que coloca ela por um custo similar, por exemplo, ao do Jeep Compass. Por esse preço, difícil ter melhor negócio. Mas, e você? Por cerca de R$ 220.000 (para PJ ou produtor rural), você investiria aqui na Fiat Titano ou em alguma concorrente do mercado, mesmo que mais cara? Comenta aí!
Ah, e não se esqueça: se estiver pensando em vender seu carro usado ou seminovo, agende uma avaliação gratuita na InstaCarro!
Ficha técnica da Fiat Titano Ranch
Motor | 4 0cilindros em linha, 2.2, 16 válvulas, injeção direta e turbo |
Cilindrada | 2.179 cm³ |
Combustível | diesel |
Potência | 180 cv a 3.750 rpm |
Torque | 40,8 kgfm a 2.000 rpm |
Câmbio | Automático de 6 marchas |
Direção | hidráulica |
Suspensões | Braços sobrepostos (dianteira) e eixo rígido (traseira) |
Freios | discos ventilados (dianteira) e tambores (traseira) |
Tração | Integral temporária |
Dimensões | 5.330 mm (comprimento), 1.963 mm (largura), 1.858 mm (altura) |
Entre-eixos | 3.180 mm |
Pneus | 265/60 R18 |
Caçamba | 1.109 litros |
Capacidade de carga | 1.020 kg |
Tanque | 80 litros |
0-100 km/h | 12,4s |
Vel. máxima | 175 km/h |
Consumo cidade (Inmetro) | 8,5 km/l |
Consumo estrada (Inmetro) | 9,2 km/l |
Autonomia urbana | 680 km |
Autonomia rodoviária | 736 km |