Ford Territory Titanium chama a atenção pelo belo design e extensa lista de itens de série e segurança, mas tem ponto a melhorar
O Ford Territory Titanium chegou ao mercado automotivo brasileiro há pouco mais de dois anos, mas como você deve ter reparado, quase não vemos ele na rua.
Para se ter uma ideia, o SUV médio da Ford emplacou apenas 978 unidades em todo o ano de 2022, segundo relatório da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).
Como um comparativo, a Ford emplacou em um ano quase o mesmo que a CAOA Chery emplacou de Tiggo 7 (880 unidades) só no mês de dezembro de 2022.
Mas o que faz o Ford Territory vender tão pouco? Os cerca de R$ 225 mil é muito? Vou te explicar nas próximas linhas.
Design do Ford Territory Titanium 2023
Para quem não sabe, o Ford Territory não é um veículo da Ford. Na verdade, a Ford fez uma leve reestilização do SUV chinês JMC Yusheng S330, trabalhando um novo layout da grade e para-choques, deixando ele mais “norteamericano”.
Do ponto de vista de design, essa reestilização fez bem ao SUV, mas não tem como não dissociar dele a forte inspiração na antiga geração do Range Rover Evoque.
De frente, o farol de LED afilado e as caixas de roda pretuberantes se destacam, dando maior impressão de largura para o modelo que tem quase 2 metros (1.936 mm) nesta medida.
Atrás, o formato das lanternas, da tampa do porta-malas e até as letras coladas na tampa lembram o estilo da Evoque. Mas vale ressaltar que isso nem de longe é um problema.
Na lateral, destaque para as belas rodas de 18 polegadas e para a janelinha na coluna C, que amplia a área envidraçada do veículo e que dá aspecto de teto flutuante.
Por dentro, como é característico de todo carro de origem chinesa, tem acabamento para todos os gostos: preto brilhante, couro e emborrachado no painel, dois tons, madeira e até cromados.
Mas na prática o conjunto orna e como você pode ver pelas fotos, o interior do Territory é bonito e transpira modernidade.
O que poderia ser melhor, no entanto, é o visual do painel de instrumentos digital. Customizável entre as opções Clássico, Fashion e Esporte, tem layout defasado e interface com tantas funções que para ver informações de consumo é melhor conferir com o carro parado.
Já a central multimídia Sync Touch de 10,1 polegadas é posicionada “dentro” do painel, sem aquele degrau característico que costuma ocorrer na grande maioria dos carros.
Ela inova por ter uma interface que permite até 4 telas simultâneas e com dimensão à sua escolha entre elas, mas caso você esteja usando o Apple CarPlay ou Android Auto (ambos com conexão sem fio, por sinal), acaba perdendo essa funcionalidade.
Aliás, se estiver usando uma das conexões com o smartphone, para controlar o ar-condicionado de uma zona, você precisará retornar para a interface inicial da central. O botão existente no console central só liga ou desliga a ventilação. É mais um prejuízo para a ergonomia.
Por falar em ergonomia, os bancos tem bom apoio para as pernas e o motorista conta com ajustes elétricos. Atrás, há espaço de sobra para todos os ocupantes que também conseguem aproveitar o visual do belo teto solar panorâmico.
Desempenho do Ford Territory Titanium
O Ford Territory 1.5 vem equipado com um motor 1.5 Turbo EcoBoost de 150 cavalos de potência e torque máximo de 22,9 kgfm. O câmbio é um CVT que simula até 8 marchas com trocas manuais somente na alavanca.
É aqui para mim o maior problema do Territory: falta de potência, ou melhor, de desempenho como um todo.
O motor do Territory, apesar de concepção moderna (1.5 turbo), é do ciclo Miller, não do ciclo Otto, como costuma ser mais de 95% dos veículos a combustão, com exceção dos diesel.
Ao comparar com os motores do ciclo Otto, tecnicamente falando, os motores do ciclo Miller mantém as válvulas de admissão abertas por mais tempo, fazendo com que o motor faça “menos esforço” no tempo de compressão da mistura ar/combustível, fazendo com que o tempo de expansão seja maior que o de compressão.
Assim, no ciclo Miller aproveita-se melhor a energia térmica da queima do combustível, melhorando o rendimento do motor com auxílio de uma turbina ao invés de “desperdiçar” toda a energia pelo escapamento.
Tudo isso, em teoria, faria um motor do ciclo Miller ser mais eficiente do que um Otto, oferecendo bom rendimento e, principalmente, redução no consumo de combustível. Inclusive, a Audi utiliza estes motores como “motores do ciclo B” para aumentar o rendimento de seus carros e ter carros com até 250 cv e consumo de 20,8 km/l no circuito cidade/estrada.
Com o Territory isso não acontece. Os 150 cv mostram-se pouco para puxar as 1.6 toneladas do SUV. O câmbio CVT também tem respostas lentas e as saídas de semáforos, ultrapassagens e subidas íngremes deixam o modelo de língua de fora.
O 0 a 100 km/h do Ford Territory ocorre em apenas 11,8 segundos e o consumo nem de longe é dos melhores. Segundo o Inmetro, ele marca 9,5 kml na cidade e 12,5 km/l na estrada.
Nos testes, no entanto, consegui como melhor marca 7,8 km/l na cidade e 9,5 km/ na estrada. Vale lembrar que o Ford Territory não é flex e bebe somente gasolina.
Deixando estes números de lado, vale muito ressaltar o conforto de rodagem do SUV e o quanto ele é silencioso, com um ótimo isolamento acústico.
Como qualidade, é preciso ressaltar o ótimo pacote de assistências à condução, como o piloto automático adaptativo, o alerta de colisão frontal, a frenagem autônoma de emergência, o alerta de permanência em faixa, o sensor de pontos cegos e o sistema de estacionamento semiautônomo.
Itens de série do Ford Territory 2023
O Ford Territory 2023 vem equipado com uma gama de itens de série extensa além dos itens de apoio à condução, que incluem: ar-condicionado digital, teto solar panorâmico, sistema de som com 8 alto-falantes, câmera 360º, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, controle eletrônico de estabilidade e tração, entre outros.
Concorrentes do Ford Territory
O Territory tem como principais concorrentes no mercado brasileiro o Jeep Compass Limited 1.3 e o Chevrolet Equinox Premier 1.5.
Se comparados os itens de série, o Ford Territory tem disputa equilibrada, mas perde em desempenho para ambos e em consumo urbano para o Compass e rodoviário para ambos. A autonomia também é inferior.
Conclusão
O Ford Territory 1.5 turbo é um SUV médio que oferece uma boa oferta de itns série, de conforto e segurança. Seu design moderno e esportivo também é um ponto positivo.
Mas a falta de desempenho, o elevado consumo de combustível e o baixo número de vendas não inspira o mercado, principalmente o de seminovos.
No entanto, é importante levar em conta que há grande possibilidade de uma nova geração do SUV ser vendida no Brasil, inclusive alguns flagras já foram feitos. A expectativa é que ele enfim se torne um concorrente à altura e puxe as vendas da marca por aqui.
Ficha técnica do Ford Territory Titanium 2023
Motor | 4 cilindros em linha, 1.5, 16 válvulas, turbo, injeção direta |
Cilindrada | 1.490 cm3 |
Combustível | Gasolina |
Potência | 150 cv a 5.300 rpm |
Torque | 22,9 kgfm a 1.500 rpm |
Câmbio | CVT de 8 marchas simuladas |
Direção | eletroassistida |
Suspensões | McPherson (dianteira) / independente multibraços (traseira) |
Freios | discos ventilados (dianteira) e discos sólidos (traseira) |
Tração | dianteira |
Dimensões | 4.580 mm (comprimento), 1.936 mm (largura), 1.674 mm (altura) |
Entre-eixos | 2.716 mm |
Pneus | 235/50 R18 |
Porta-malas | 348 litros |
Tanque | 52 litros |
0-100 km/h | 11,8s |
Vel. máxima | 180 km/h |
Consumo cidade (Inmetro) | 9,4 km/l (gasolina) |
Consumo estrada (Inmetro) | 9,8 km/l (gasolina) |