Testamos o Peugeot 208 1.0 Style na cidade e fizemos uma viagem de 700 km só de ida e te contamos os motivos dele ser o melhor compacto do mercado
Se no passado o mercado de veículos compactos era extremamente restrito à modelos das chamadas quatro grandes (Volkswagen, Fiat, Ford e Chevrolet), atualmente as opções são bem maiores.
Modelos como o Novo Hyundai HB20 e Peugeot 208 são opções que fogem à regra e oferecem aos clientes “um algo a mais” que os concorrentes não conseguem.
Mais especificamente falando do segundo, o 208 na versão Style surpreende primeiro pelo preço, cerca de R$ 85 mil, segundo pela farta lista de itens de série e pelo visual premium. Por fim, surpreende por parecer ter nascido para usar o motor 1.0 Firefly, de origem Fiat.
Todo esse conjunto foi colocado à prova em um teste urbano simples e em uma prova de fogo: uma viagem de São Paulo/SP a Ponte Nova/MG pela Fernão Dias e Estrada Real, passando pelas cidades históricas de Ouro Preto e Mariana/MG. Tudo isso carregado de malas!
Será que o pequeno 1.0 de 75 cv deu conta do recado? Te conto nas próximas linhas.
Design do Peugeot 208 1.0 Style
O 208 Style é “quase” um carro de entrada, pois é vendido no Brasil em 6 versões de acabamento e a Style é só a segunda da fila, ou seja, a segunda “menos equipada e mais barata” da gama.

Sob esse prisma, ver que o Peugeot 208 1.0 Style tem um visual tão capricado surpreende.
A grade frontal tem acabamento cromado, os faróis são do tipo full LED com o “dentre de sabre” como luz diurna em LED, rodas de 16 polegadas com acabamento em preto brilhante, assim como a capa dos retrovisores, o spoiler traseiro e a faixa que liga as lanternas traseiras. Completa o belo visual externo o teto panorâmico em vidro.

Se por fora ele já chama a atenção pelo bom acabamento e design atual mesmo com mais de 2 anos de produção, seu interior também surpreende se pensarmos em como o modelo é posicionado no mercado.

Apesar de inteiramente em plástico, os materiais tem texturas diferentes e tem bons arremates, sem rebarbas aparentes. Há imitação de fibra de carbono, preto brilhante e até cromados no contorno dos botões do console central.

Os bancos em tecido são de ótima qualidade e a costura azul repete o tom do badge externo lateral que nomeia a versão.

De simples mesmo só o painel de instrumento analógico com computador de bordo básico, que só mostra as funções de trip, consumo instantâneo, consumo médio, velocidade média e autonomia.

O volante multifuncional tem ótimo acabamento, mas seu diâmetro pequeno pode incomodar quem tem braços compridos.

Deixando as críticas de lado, vale ressaltar a ótima central multimídia com tela de 10,3″ com conectividade Android Auto e Apple CarPlay sem fio.

O posicionamento levemente voltado ao motorista permite visualização integral independentemente da posição do sol, pois não dá reflexos na tela. Também não há delay nos mapas na conexão sem fio, como é comum. Só confunde um pouco ter que gerenciar o ar-condicionado por ela enquanto precisa consultar o trajeto no Waze. É um de cada vez.
Desempenho na cidade e na estrada
Se do ponto de vista de visual e acabamento o 208 Style deu show, mecanicamente ele surpreendeu.
Sob o “guarda-chuva” da Stellantis, que conta com marcas como Fiat, Peugeot, Citroën, Jeep, Abarth, RAM, Dodge e Chrysler, a Peugeot parece ter conseguido se reencontrar no mercado e isso foi extremamente benéfico para modelos como o 208.
O Peugeot 208 Style parece que nasceu para usar o motor Firefly Fiat, usado hoje em modelos como o Argo e o Cronos.
Assim, o Peugeot 208 1.0 Style dispõe de 71 cv quando abastecido com gasolina e 75 cv com etanol, com torque de 10 e 10,7 kgfm, respectivamente.

Além do motor, o Peugeot 208 1.0 compartilha com o Argo 1.0 a mesma central eletrônica, mas que ganhou ajustes específicos para o 208, e o câmbio manual de cinco marchas com as duas primeiras marchas encurtadas

Na prática, o Peugeot 208 Style ficou melhor de dirigir que o Argo e pareceu mais espertinho. Na cidade, o motor três cilindros sobe de giro rápido e você vai precisar trocar de marchas mais vezes do que o comum, mas a sensação real é de que você está dirigindo um carro mais potente do que ele realmente é.
Fora que a dinâmica de condução do 208 1.0 é bem melhor que a do Argo. O ajuste de suspensão e direção do Peugeot são elogiáveis e o engate de marchas é mais macio e preciso do que no hatch da Fiat.

Além disso, o isolamento acústico da cabine é um dos melhores entre os hatches compactos, se não o melhor.
A sensação de dirigir do 208 é como ter um carro que te veste como uma roupa sob medida. Ele faz tudo o que você deseja com primazia, desde as acelerações até as curvas mais fechadas. Não decepciona.
E ainda com tudo isso, conseguimos no trecho urbano um consumo de 13,6 km/l de gasolina, isso com ar ligado e trânsito pesado. Na estrada… bom, isso te conto abaixo.
Peugeot 208 1.0 Style na estrada
Cometemos a loucura de pensar: que tal fazer uma viagem longa com um carro de pouca potência e nativamente criado para o uso urbano?
Não só isso, não era uma simples estrada. A missão era sair de São Paulo e viajar mais de 700 km em um trajeto só de ida rumo à Ponte Nova/MG, cidade do interior do Estado depois de Ouro Preto e Mariana.

Tudo isso enfrentando a Fernão Dias e a Estrada Real. E mais, o último trecho seria sob escuridão total, afinal, saindo daqui as 14h, seriam pelo menos 10 horas até o destino final.
Carro carregado, malas no bagageiro, comes e bebes em outra mala atrás do banco do motorista e pegamos a estrada eu e a minha esposa rumo à Ponte Nova.
Para lá há, basicamente, dois caminhos possíveis: o primeiro deles é pela Via Dutra, passando por cidades do Rio de Janeiro como Resende e Volta Redonda, entrando no Estado de Minas Gerais, passando por Belo Horizonte e de lá, curva pra cá e pra lá, chegamos ao destino final.
A outra opção de caminho, o que escolhemos, foi pegar a Fernão Dias aqui em São Paulo, passar por cidades como Mairiporã e Atibaia, ainda em São Paulo, entrar no Estados Minas Gerais por Extrema, passar por Monte Verde, Três Corações, Pouso Alegre e pegar o acesso para a Estrada Real na cidade de Carmópolis de Minas. Sobe, desce, curva para um lado e para o outro, chegamos ao destino final.
Decidimos pela segunda opção por três motivos: o custo dos pedágios sairia a metade do que ir pela Dutra, por nunca termos feito esse trajeto pela Fernão Dias e também pela curiosidade que tínhamos em conhecer a famosa Estrada Real.
Para quem não conhece, a Estrada Real compõe parte dos caminhos por onde o ouro, gado e escravizados do Estado eram levados para os portos de Paraty/RJ e do Rio de Janeiro/RJ.
Apesar da história sem grandes méritos, o local é conhecido por uma paisagem exuberante e de quilômetros e mais quilômetros praticamente só de você, o carro e a estrada.
Ideal para quem gosta de dirigir, não é verdade? Pois bem, bora por esse caminho.
Saímos de São Paulo no dia 27 de dezembro às 14h com o Waze indicando que chegaríamos em tempo recorde: 23:30h lá!
E foi aí que percebemos os primeiros problemas da estrada: a Fernão Dias sofre mais uma vez com a má pavimentação e o excesso de buracos. Precisaríamos tomar cuidado para chegarmos inteiros ao final do trajeto.

E durante as 5h primeiras horas de estrada o Peugeot 208 1.0 Style surpreendia. A excelente dirigibilidade na cidade se repetia na estrada. O compacto contornava curvas com precisão e o câmbio de engate preciso tornava a direção divertida.
Afinal, pouca potência, câmbio manual e uma estrada recheada de curvas era sinal de diversão na certa (mas sem correr demais, pois não tinha como).
Os buracos ficaram cada vez mais frequentes e maiores e no cair da noite começou uma chuva torrencial após passarmos por Três Corações-MG.
Aqui, mais dois bons méritos do compacto: ótima aderência em piso molhado, o comportamento permaneceu inalterado, e para os faróis em LED que ofertavam uma ótima iluminação.

Mas como em toda viagem, sempre tem surpresas, não é verdade? Ao entrar em um posto em Pouso Alegre para completar o tanque (que ainda estava no meio, mas não oferecia autonomia para terminar o restante trajeto de mais de 300 km) e pegamos esse um buraco e o pneu furou.
Sorte nossa que neste posto especificamente tinha borracharia e levamos o pneu para consertar. Azar o nosso que a borracharia só tinha equipamentos para reparos em pneus de caminhões e ônibus. Azar o nosso também que o 208 Style tem como reserva aquele estepe fino, de emergência e que recomenda velocidade máxima de 80 km/h.
Pois é, estepe fino nele e bora enfrentar mais 300 km de estrada esburacada sem outro estepe para uma eventual emergência.
E como andar numa estrada com caminhões em alta velocidade que tem no máximo duas faixas de rodagem a somente 80 km/h? Pois é, não tinha como.
A chuva já tinha passado então bora sentir o comportamento do carro e dirigir da maneira mais segura o possível, sem sofrer risco. E não é que o 208 surpreendeu novamente?
Mesmo com o estepe mais fino o comportamento em aceleração não foi alterado. Você podia andar a 100 km/h sem qualquer percepção de mudança, mas quando era preciso frear mais bruscamente, percebia que o carro puxava para o lado do pneu fino.
Então seguimos viagem desviando de todos os buracos possíveis e imagináveis (aqui entram poças d’água que não sabía se era superficial ou não), evitando caminhões e nada de frenagens bruscas.
Na altura de Carmópolis de Minas/MG entramos na MG-270, uma rodovia com cara de interiorana mesmo e aí era zero iluminação.

Em velocidade mais reduzida e a noite caiu a ficha de que a Estrada Real, bonita ou não, a gente não saberia porque a escuridão era total.
Depois de parecer que essa estradinha não ia acabar, finalmente chegamos à Estrada Real. Não parecia nada de diferente da MG-270 e a dificuldade de enxergar ou desenvolver velocidade continuava.
Sobe sobe sobe sobe, desce desce desce, curva pra direita, pra esquerda, chove e para, mais subida, mais decida, e o 208 Style parecia uma criança que tinha acabado de ganhar um presente novo. Estava ali dando o seu melhor e se divertindo.
Passamos por Ouro Preto e Mariana, pegamos outra estradinha e enfim chegamos ao destino final às 1h30 da manhã do dia 28. exatas 11h30 depois e com novamente meio tanque de combustível.

Ou seja, se completamos com meio tanque e chegamos com meio tanque, o 208 Style chegou muito próximo de uma autonomia de 700 km com gasolina. O consumo médio total ficou em 14,9 km/l.

O corpo pedia cama de cansaço, afinal, 11h dentro de um carro não é para todo mundo, mas o Peugeot 208 1.0 Style mostrou que até um compacto urbano, se você souber como extrair o que ele tem de melhor, pode surpreender nas viagens mais inesperadas.
Quem diria que um 1.0 de pouca potência fosse tão corajoso e bom de dirigir?
Itens de série do 208 Style

Bem equipado, o 208 Style traz de série itens como:
- Farol full-LEDs com regulagem automática de altura;
- luzes diurnas em LED “dente de sabre”;
- Câmera de ré de 180º;
- Sensor de estacionamento;
- 4 airbags, ar-condicionado;
- Multimídia com tela de 10,3” e conexão a Apple Carplay e Android Auto sem fio;
- Carregador de celular por indução no console;
- Duas entradas USB;
- Rodas de liga-leve aro 16” pintadas de preto;
- Spoiler traseiro;
- Assistente de partida em rampas;
- Chave tipo canivete;
- Controles de tração e estabilidade.
Concorrentes
Nesta faixa de preço, o Peugeot 208 1.0 Style concorre com as versões de entrada de modelos como o Chevrolet Onix e Hyundai HB20, mas dá banho em ambos quando o assunto é qualidade no acabamento, itens de série e consumo de combustível.
No entanto, o 208 é menor que eles e se torna um pesadelo para quem tem mais de 1,75m e vai seguir viagem no banco traseiro. Se precisa de mais espaço, não tem como, precisa considerar os concorrentes.
Conclusão
O Peugeot 208 1.0 Style é o típico carro que te surpreende e conquista por entregar mais do que você espera dele. Bonito, completo, bem acabado e com um comportamento dinâmico invejável, ele ainda inclui no pacote o baixo consumo de combustível.

Se for apontar coisas que poderiam ser melhores, talvez o computador de bordo precisaria ser mais completo e uma motorização turbo fecharia com chave de ouro, mas com estes acréscimos ele se tornaria mais caro e não seri atão boa opção assim como é na zona em que concorre.
Caso esteja considerando comprar um hatch de entrada, você precisa fazer um test drive no Peugeot 208 Style. A chance de dar match é altíssima.
Ficha técnica do Peugeot 208 1.0 Style
Motor | três cilindros em linha, 1.0, 8 válvulas, aspirado |
Cilindrada | 999 cm3 |
Combustível | flex |
Potência | 75 cv / 71 cv a 6.000 rpm (etanol/gasolina) |
Torque | 10 kgfm / 10,7 kgfm (etanol/gasolina) a 3.250 rpm |
Câmbio | Manual de 5 marchas |
Direção | eletroassistida |
Suspensões | McPherson (dianteira) / eixo de torção (traseira) |
Freios | discos ventilados (dianteira) e tambores (traseira) |
Tração | dianteira |
Dimensões | 4.055 mm (comprimento), 1.738 mm (largura), 1.453 mm (altura) |
Entre-eixos | 2.538 mm |
Pneus | 195/55 R16 |
Porta-malas | 265 litros |
Tanque | 47 litros |
0-100 km/h | 13,4s |
Vel. máxima | 162 km/h |
Consumo cidade (Inmetro) | 13,6 km/l (gasolina) e 9,6 km/l (etanol) |
Consumo estrada (Inmetro) | 15,5 km/l (gasolina) e 11 km/l (etanol) |
Galeria de fotos do Peugeot 208 1.0 Style






































Resposta de 0
Bela reportagem, esclarecedora para quem estiver interessado no veículo.
Testei um 208 Style despretensiosamente e acabei comprando um.
Carrinho excelente…