Qualidade dos produtos e bom atendimento no pós-venda são fatores elogiados pelos proprietários de carros da Toyota.
Texto: Evandro Enoshita
Fotos: Toyota – Divulgação
Conhecidos na primeira metade do século 20 pela produção de itens de qualidade inferior, geralmente copiados de marcas ocidentais, os japoneses conseguiram virar o jogo no período pós-Segunda Guerra Mundial, com os produtos “Made in Japan” passando a ser reconhecidos como inovadores e de boa qualidade.
No mercado automotivo brasileiro, uma marca japonesa que se destaca entre os consumidores é a Toyota. Presente no Brasil desde 1958, só passou a se popularizar a partir de 1998, quando foi inaugurada a nova fábrica de Indaiatuba (SP) com a montagem do Corolla. Mas não demorou para que a marca japonesa se consolidasse como uma das mais admiradas no país.
No ano passado, a Toyota foi eleita como a marca de “melhor reputação” entre as montadoras presentes no mercado brasileiro, numa pesquisa realizada pelo Monitor Empresarial de Reputação Corporativa e divulgada pelo site InfoMoney. O resultado foi obtido a partir de 4 mil entrevistas realizadas em 2019 com consumidores, especialistas de mercado e líderes empresariais. De acordo com a publicação, o resultado da empresa é reflexo de uma política de “aproximação e transparência com os consumidores e parceiros brasileiros”.
Um dos fatores que ajudam a explicar esse sucesso da Toyota em vender carro no Brasil está na própria linha nacional da Toyota. Além do sedã Corolla, a marca produz atualmente na fábrica de Sorocaba (SP) os compactos Etios e Yaris. Todos modelos com visual sóbrio no interior e exterior, que não chamam atenção em excesso e nem causam polêmica, sendo melhor aceitos por um público mais conservador e também menos afetados pela variação das tendências, o que ajuda na valorização e facilita a venda dos carros da Toyota.
Mesmo tendo lançado a tecnologia híbrido flex no Corolla brasileiro, a empresa é mais conhecida por dar à confiabilidade uma prioridade maior do que nos seus produtos do que à inovação tecnológica. Um exemplo disso é a estratégia de manter em sua linha apenas motores aspirados, enquanto boa parte dos seus concorrentes já adotaram motores turbo, que embora mais eficientes a curto prazo, acabam resultando em custos de manutenção mais elevados no longo prazo.
Outro dos braços da política de valorização do consumidor é a qualidade do serviço oferecido pela rede de concessionários. Trabalho que apareceu na última edição de 2020 da pesquisa “Os Eleitos”, da revista Quatro Rodas, que leva em consideração a opinião dos proprietários de veículos. O pós-venda da marca japonesa foi considerado o melhor dentre as marcas operando no Brasil. Numa escala de 0 a 100, a Toyota atingiu a nota 96,1, tendo se sagrado vencedora em cinco dos oito aspectos avaliados na pesquisa.
A rede de concessionários da marca japonesa foi considerada a melhor em pontualidade (99,6), prazo de realização do serviço (98,9), qualidade de atendimento (97,2), transparência (95,6) e qualidade dos serviços (95). Mesmo nos quesitos que não foi a campeã, a marca teve resultados acima da média. Em disponibilidade de peças (96,2), a ficou atrás apenas da Honda (96,5), enquanto o restante do mercado teve uma pontuação de 92,9. Em custo benefício (94,2), foi derrotada pela Hyundai (95,1), enquanto a média do mercado foi 88,9. Em custo de mão de obra, mais uma vez a Toyota (87,6) ficou atrás da Hyundai (88,8) e na frente da média do setor (84,6).
Os mesmos bons resultados foram obtidos pela empresa nos Estados Unidos. Na edição do ano passado da premiação concedida pela empresa de consultoria de mercado J.D. Power, dos sete prêmios dados para a montadora, cinco foram na categoria “dependability award” (prêmio confiabilidade), que é dada para os produtos com menor taxa de problemas para cada 100 veículos. Esse resultado é obtido a partir da análise do tipo e da quantidade de defeitos enfrentados nos últimos 12 meses por consumidores que possuem determinado modelo de carro há três anos.
História dos carros da Toyota
O primeiro carro da Toyota foi lançado antes mesmo de a marca existir. Em 1933, a fabricante surgiu como a divisão automotiva da fabricante de teares Toyoda. Foi neste ano que a empresa começou o desenvolvimento do seu primeiro automóvel, que teve início a partir do desmonte e análise das peças de dois Chevrolet e um DeSoto e a partir de um levantamento de possíveis fornecedores de indústrias de auto peças, que já fabricavam componentes para as empresas estrangeiras que montavam carros no país asiático na época.
O resultado foi o Toyoda AA, lançado em 1936 e que trazia a carroceria inspirada no modelo da DeSoto e um motor de seis cilindros baseado em um projeto Chevrolet. O nome Toyota só foi surgir em 1937, quando a fabricante de veículos se tornou uma empresa separada da indústria de teares. Até 1943, seriam produzidas pouco mais de 1,4 mil unidades do modelo AA, que acabou substituído pelo AC, que teve uma produção de apenas 115 unidades. O primeiro modelo criado praticamente do zero pela Toyota foi o SA, lançado em 1947, que trazia uma carroceria de linhas aerodinâmicas combinada ao uso de suspensão independente nas quatro rodas e um novo motor 1.0 de quatro cilindros e 27 cv.
No Brasil, a empresa chegou em 1958, instalando uma linha de montagem dos 4×4 Land Cruiser em São Paulo. Inicialmente montado em kits importados do Japão, o utilitário ganhou produção nacional em 1962, numa fábrica em São Bernardo do Campo (SP), quando passou a ser chamado de Bandeirante e ganhou um motor diesel Mercedes-Benz no lugar do Toyota a gasolina. Esse modelo pioneiro seguiu em linha até 2001.