Sabe qual é a hora certa de trocar a pastilha de freio do seu carro? Este texto vai te ajudar a tirar todas as suas dúvidas
Você está ouvindo um chiado agudo e irritante toda vez que pisa no freio? Cuidado, pode ser um indício de que as pastilhas de freio estão no limite do desgaste e precisam ser trocadas. Saber cuidar dos freios é importantíssimo, afinal, este é o principal sistema de segurança do veículo e parte vital a ser conferida no processo de manutenção automotiva.
Para entender como o freio a disco funciona, é muito simples: é só se lembrar do princípio de frenagem de uma bicicleta. Quando você pressiona o manete do freio, o cabo de aço aciona um mecanismo cujo movimento de “alicate” pressiona duas sapatas contra o aro, gerando a fricção que faz a roda desacelerar. As sapatas seriam o equivalente à pastilha de freio, que também trabalha aos pares.
No freio a disco do automóvel, ao invés de um cabo de aço, o pedal aciona um circuito hidráulico que transmite a força do para movimentar o êmbolo de uma pinça, que faz o movimento para pressionar as pastilhas de freio contra o disco. Como o disco é parafusado junto com a roda, o atrito das pastilhas diminui sua velocidade de giro e o carro freia.
Quando a pastilha de freio chega próximo do limite de desgaste, diversos sinais indicam o problema, mas o mais característico deles é o ruído. Porém, quando a pastilha atinge esse estado, não é só ela quem sofre no sistema, como veremos a seguir.
Pastilha de freio é tudo igual?
Antes de falar sobre como identificar se você precisa trocar as pastilhas de freio do seu automóvel, é preciso entender que as pastilhas são basicamente compostas por duas partes: o material de atrito (uma massa composta por resinas, fibras sintéticas e partículas metálicas) e a placa de metal em que a massa está colada.
Segundo fabricantes como Cobreq, Fras-le e Nakata, a composição do material de atrito classifica as pastilhas de freio em em quatro tipos básicos: orgânicas, metálicas, semimetálicas e cerâmicas.
As pastilhas de freio orgânicas são as mais baratas do mercado, porém, até o ano de 2017 traziam amianto (elemento cancerígeno hoje proibido) em sua composição. Hoje, trazem outros materiais substitutos, mas sem a mesma capacidade de dissipação de calor e a mesma resistência ao desgaste. Por isso, são recomendadas apenas a veículos leves que circulam em vias urbanas.
Já as pastilhas de freio metálicas têm custo e peso superiores em comparação às orgânicas, mas apresentam maior vida útil e melhor desempenho. Hoje, são as pastilhas mais utilizadas nos veículos pela eficácia e acessibilidade.
Pastilhas de freio semimetálicas partem do mesmo princípio das metálicas, mas com menor custo. Têm boa dissipação de calor e são muito resistentes, mas tendem a desgastar mais os discos de freio, especialmente pela presença de limalha de aço em sua composição.
Por sua vez, as pastilhas cerâmicas são as mais avançadas. Utilizadas em veículos de alto desempenho, são mais silenciosas, possuem desgaste lento e não produzem resíduos tóxicos. Em contrapartida, são bem mais caras e ainda exigem discos de freio especiais.
Conforme o modelo, as pastilhas podem ter um chicote elétrico, se o modelo do veículo tiver um indicador de desgaste elétrico.
Como identificar o desgaste das pastilhas de freio?
A combinação mais comum em veículos de pequeno e médio porte é utilizar sistema a disco nas rodas dianteiras e a tambor (totalmente fechado) nas traseiras. Isso porque a carga de frenagem é maior na dianteira, geralmente, na divisão de 70% para a frente e 30% para a traseira.
Além da inércia do veículo em desaceleração jogar o peso para frente, a maior parte do peso do veículo (motor, câmbio, motorista) fica localizada em sua metade frontal. Por isso, o eixo dianteiro necessita de materiais de atrito mais leves e eficientes que o sistema a tambor.
Pastilha e disco precisam ter um assentamento perfeito e uma quantidade mínima de material para produzir uma frenagem de qualidade. A espessura mínima das pastilhas, dependendo do veículo, da fabricante e do tipo de pastilha, varia de 2 a 5 mm. Abaixo disso, os efeitos começam a se refletir em todo o sistema.
Quando uma pastilha de freio ultrapassa seu limite de desgaste, ela perde capacidade de dissipar calor. Esse calor acaba se transferindo para o fluido de freio, que começa a esquentar até ferver e assim provocar perda de eficiência de frenagem mesmo em condições de leve exigência. O reparo nessas condições é urgente.
Se o disco também tiver ultrapassado o desgaste máximo, ele pode empenar, causar trepidações no pedal e, também, perda de eficiência de frenagem.
Nessas condições, começa a aparecer a característica mais marcante do desgaste excessivo das pastilhas de freio: o ruído, causado pelo atrito do disco de freio com o metal presente no suporte das pastilhas. Há casos extremos de falta de manutenção em que toda a massa da pastilha de freio se vai e o veículo fica só com as placas de metal no lugar.
Vale lembrar: o ruído no sistema de freios pode ter outras origens além das pastilhas. O diagnóstico de um reparador profissional é indispensável nesses casos.
Inclusive, o ruído pode ser proposital: algumas pastilhas de freio vêm de fábrica com uma espécie de diapasão que, quando o material de atrito chega ao desgaste máximo, a peça emite um ruído justamente para avisar ao dono do carro que o freio precisa sofrer manutenção.
Outros fenômenos que podem acontecer com o desgaste excessivo das pastilhas é a perda de capacidade de frenagem pela massa ter atingido a camada do material que faz a “cola” com a placa de metal, e que não deveria entrar em contato com a frenagem.
O desgaste pode ser observado com um teste simples, observando a pastilha de freio na própria roda a olho nu ou com auxílio do celular. Em situações de alto deste, além das pastilhas, observe o estado da face do disco, que nestas situações costuma apresentar-se bastante irregular. Aliás, não adianta nada instalar pastilhas de freio novas em discos velhos sem retífica.
A própria quantidade de pó e fuligem nas rodas, causado pelo uso constante das pastilhas, também é outro indicativo de necessidade de manutenção nos freios.
Outro efeito que pode acontecer com o desgaste excessivo do material de atrito, também ligado ao fluido, é a variação de nível no reservatório. Se o fluido está baixo, mas o circuito hidráulico não apresenta vazamento nenhum, quer dizer que o fluido está todo nas pastilhas, compensando a distância ao disco em que deveria estar a massa de atrito.
Mas lembre-se: a manutenção de freios é essencial para garantir a segurança do veículo em qualquer condição de uso e os reparos só devem ser executados por reparadores especialistas no assunto.