Vale a pena usar amortecedor recondicionado?
Sistema de suspensão - amortecedor e mola - amortecedor recondicionado

Vale a pena usar amortecedor recondicionado?

Mais baratos do que os componentes novos das marcas tradicionais, será que o amortecedor recondicionado garante o mesmo nível de conforto e segurança?

Texto: Evandro Enoshita

Fotos: Divulgação

O amortecedor é um dos componentes principais do sistema de suspensão de um veículo. Ele é o responsável por evitar as oscilações excessivas da carroceria, permitindo que os pneus permaneçam sempre em contato com o solo e o motorista mantenha o controle do veículo ao passar por ondulações, ao contornar curvas e durante acelerações e frenagens. O seu uso na indústria automobilística começou nos anos 1920, mas eles só foram se popularizar na forma telescópica de dupla ação atual a partir dos anos 1950.

amortecedor e mola - amortecedor recondicionado

Além do hidráulico, o amortecedor também pode ser do tipo pressurizado. Nome dado ao componente que tem em seu interior uma carga de gás nitrogênio, que evita a formação de bolhas de ar no lubrificante e permite que o conjunto mantenha o seu desempenho inalterado mesmo em situações em que é mais exigido. Existem ainda o amortecedor eletrônico, visto em automóveis importados e que utiliza eletroválvulas controladas por computador para deixar o conjunto mais firme ou macio para garantir o melhor equilíbrio entre desempenho e conforto. O tipo que equipa o seu veículo deve ser consultado no manual do proprietário ou junto aos fabricantes do componente.

amortecedor e mola - amortecedor recondicionado

Um sinal de que o amortecedor chegou ao final da sua vida útil é as marcas de óleo na haste, o que é causado pela falha do retentor da haste, que permite o vazamento de fluído hidráulico do componente. Ao volante, o desgaste pode ser notado pelo balanço excessivo da carroceria, além da instabilidade direcional e desgaste irregular dos pneus. Em situações extremas, pode ocorrer até mesmo o travamento do amortecedor, podendo provocar um acidente. Pois esses são alguns dos sinais de que chegou um momento decisivo para o veículo. Devo vender o meu carro ou será que vale a pena fazer uma revisão geral no veículo, que inclua a substituição dos amortecedores cansados? E será que vale a pena optar pelo uso de amortecedores recondicionados?

O que é um amortecedor recondicionado?

Por definição, uma peça recondicionada é aquela que passa por um processo de desmontagem e tem todos os seus componentes gastos analisados substituídos por outros novos. Dependendo do produto, esse processo é possível e até mesmo grandes fabricantes de autopeças e veículos oferecem para linhas de produtos reconstruídos. É comum também achar amortecedores esportivos remanufaturados, assim como aqueles para carros antigos, já há vários anos fora do mercado e para os quais pode ser difícil achar uma peça nova.

Mas é preciso ter muita atenção. Apesar de existirem empresas qualificadas que realizam esse tipo de procedimento, esse controle de qualidade e de procedência é muito difícil de ser feito. Sem contar que a durabilidade do produto é inferior ao do novo. De acordo com a fabricante de autopeças Nakata, o grande perigo do amortecedor recondicionado está justamente no fato de a grande maioria dos componentes desse tipo apenas receber um novo fluido hidráulico, mais grosso, e uma pintura externa para dar um aspecto melhor.

Isso acontece para permitir que o produto tenha um preço competitivo no mercado, já que uma reconstrução completa, além de ser um processo complexo, faria o amortecedor recondicionado ter o mesmo custo de um novo. Uma busca na internet já dá uma ideia das diferenças de preço que o consumidor encontra. Amortecedores dianteiros novos para um Volkswagen Gol G3 custam por volta de R$ 300 o par, no kit com os batentes. Já as mesmas peças recondicionadas podem ser encontradas até pela metade do preço.

Esse óleo mais grosso usado no processo de recondicionamento dá a impressão de que o produto funciona como um amortecedor novo. Mas não é o que acontece, já que a peça trabalha fora das especificações definidas pelo fabricante do veículo.

O resultado é que mesmo com o amortecedor que aparenta estar novo, o veículo se comporta muitas vezes como se estivesse equipado com o componente desgastado. Ao volante, além dos barulhos na suspensão, o comportamento do veículo fica comprometido, causando problemas como a falta de estabilidade, aumentando os espaços para frenagem e até reduzindo a velocidade máxima do veículo antes do surgimento de uma aquaplanagem.

Segundo a fabricante de amortecedores Monroe, outro efeito negativo de um amortecedor recondicionado de má qualidade é o fato de um componente fora das especificações prejudicar outras peças da suspensão, como as molas buchas e coxins, acelerando o desgaste desses componentes. Ou seja: a economia de curto prazo acaba resultando em gastos de reparação maiores a médio e longo prazo.

Quando trocar o amortecedor?

Por via das dúvidas, justamente por uma questão de segurança, sempre que possível o ideal é o motorista optar por uma peça nova e de um fabricante reconhecido no mercado. A vida útil do amortecedor varia em torno de 50 mil km. Mas essa quilometragem é muito influenciada pelo estilo de condução e também pelo tipo de piso em que o veículo trafega, podendo durar bem menos ou bem mais do que isso. Por este motivo, a recomendação é que o componente seja inspecionado a cada 10 mil quilômetros ou sempre que o veículo passar por uma revisão mecânica.

Vale destacar que a troca do componente deve ser feita em pares, ou seja, sempre substituindo ao mesmo tempo o par dianteiro ou o par traseiro. Ou ambos os pares. Isso acontece pois o nível de desgaste diferente entre os amortecedores causa um desequilíbrio no veículo, que de acordo com a autopeças TRW pode aumentar em até 5% as distâncias necessárias em uma frenagem de emergência.

É fundamental também que os outros componentes do sistema também sejam verificados e trocados em caso de desgaste, para garantir o bom desempenho do veículo e a durabilidade dos novos amortecedores.

Posts relacionados

Os carros usados mais vendidos em setembro de 2024, veja lista

Os carros usados mais vendidos em setembro de 2024, veja lista

O mercado de carros apresentou um crescimento de 18% em setembro. Entre os carros usados tivemos com uma variedade de…
Fiat Argo modelos: conheça as versões e escolha a ideal para você

Fiat Argo modelos: conheça as versões e escolha a ideal para você

O Fiat Argo é um dos carros mais populares do Brasil, conquistando diversos perfis de consumidores com seu design moderno,…
BYD Shark: picape híbrida plug-in entra em pré-venda no Brasil

BYD Shark: picape híbrida plug-in entra em pré-venda no Brasil

O modelo BYD Shark está em pré-venda no Brasil, trazendo tecnologia híbrida plug-in, motor 1.5 turbo e autonomia elétrica de…

6 Comments

  1. Félix arl schnell

    Sempre usei amortecedor recondicionado nos meus carros nuca tive nenhuma outra ocorrência mecanica

  2. Evandro Cerdeira Dos Santos

    Na única vez que usei em um Versalhes que eu tinha, que foi traseiro, um deles deu problema. A oficina trocou na hora, por incrível que pareça, ficou bom.

  3. EDERSON ROCHA

    Para quem tem carros com 20, 30anos , é a única opção é ponto final.

    1. Fernando Naccari

      É como diz o texto: há casos em que não há alternativa. No entanto, caso tenha a possibilidade de usar um equipamento novo, essa é a melhor escolha.

  4. Fernabdo

    Tenho vários anos na área mecanica infelizmente muitas vezes os amortecedores são apenas lavados e pintados, no muito que fazem e dar uma ar comprimido para poder aumentar um pouco a pressão. Como trabalhei no ramo são poucos os que eles abrem para fazer o reparo. Infelizmente o consumidor paga por uma peça acondicionada e ela apenas foi lavada e pintada

  5. José Pereira

    Bom dia! Parabéns pela matéria! Não sou perito no assunto.com certeza, amortecedores de marcas reconhecidas são as melhores opções.No entanto, levando se em consideração que tudo está pela hora da morte. Chegou ou, passou da hora de avaliarmos também outras marcas, que evoluiram muito e, até mesmo os recondicionados. Os processos de remanufatura também evoluíram e, já existem marcas confiáveis; as quais, em tempos de pandemia são opções a serem consideradas e, se a marca for boa, é melhor do que áquele danificado.Outra consideração também é quanto a quilometragem.Se ao analizarmos o produto, este se apresentar em bom estado, sem folgas ou vazamentos, considero estar em bom estado. As lojas e fábricas querem e precisam vender, onde criaram a quilometragem máxima. Nos EUA é 80.000, mas frusam, que pode rodar mais. Eu, não troco aos pares e nem na quilonetragem. Troco o que está danificado, o que pode ocorrer em caso de acidente, como um buraco e quando apresentam vazamentos ou folgas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *