Veja quais eram os primeiros carros populares 1000 do mercado automotivo brasileiro, o que traziam e quanto custariam em valores atualizados.
As primeiras tentativas de se incentivar a produção no Brasil de carros 0km despojados e mais acessíveis ao público aconteceu no anos 1960. Mas os carros populares como conhecemos hoje surgiram no início dos anos 1990.
Depois de conceder os primeiros descontos no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados sobre automóveis) para carros 1.000, em 1990, três anos depois o governo brasileiro criou o protocolo de carro popular, que baixava para 0,1% a alíquota do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados sobre automóveis).
Entravam nessa regra carros compactos com motor de até 1.000 cm³ (e uns poucos 1.6, como o Chevrolet Chevette e o Volkswagen Fusca) e carroceria de apenas duas portas.
O programa durou até 1995. Mas os carros 1.0 se consolidaram no mercado automotivo e seguem presentes mesmo em um cenário tão diferente daquele do início dos anos 1990. Vamos agora relembrar os carros 1.000 pioneiros do Brasil.
Fiat Uno Mille
O Fiat Uno Mille foi o pioneiro entre os carros populares do mercado automotivo brasileiro, em 1990. Partindo da versão S do hatch compacto, a marca italiana tirou o bloco 1.3 e instalou um motor de 994 cm³. Obtido a partir da redução de cilindrada do propulsor Fiasa de 1.049 cm³ do pioneiro 147.
O motor de quatro cilindros desenvolvia 48,5 cv de potência e torque de 7,4 kgfm. Com ele, o Uno Mille acelerava de 0 a 100 km/h em 19,7 segundos e conseguia atingir até 139 km/h.
Para se diferenciar ainda mais do já básico Uno S, a Fiat optou por uma economia extrema para o Mille pioneiro, que deixava de lado até itens considerados básicos nos dias atuais, como o lavador de para-brisa elétrico e os bancos reclináveis com encosto de cabeça. Isso permitiu que a Fiat derrubasse o preço do hatch em 18% em comparação com o Uno S.
Preço em fevereiro de 1991: Cr$ 1.616.606
Preço corrigido pelo IPCA: R$ 52.067,52
Chevrolet Chevette Junior
A primeira aposta da Chevrolet no mercado dos carros 1000 não foi o Corsa, que viria apenas em 1994. Mas o veterano Chevette, que em 1992 ganhava a versão Junior.
Trazia um novo motor 1.0 criado a partir do 1.4 dos primeiros Chevette, que desenvolvia 52 cv e 7,4 kgfm de torque. Mesmo com o câmbio encurtado, o desempenho era um dos pontos fracos do modelo de tração traseira, que chegava a 131 km/h e acelerava de 0-100 km/h em quase 22 segundos.
Embora visualmente fosse bem próximo das versões mais caras, deixava de fora da lista de itens de série itens como bancos com encosto reclinável e apoio de cabeça. Item disponível apenas como opcional. Assim como o retrovisor externo do lado direito.
Preço em março de 1992: Cr$ 18.000.000
Preço corrigido pelo IPCA: R$ 78.073,15
Volkswagen Gol 1000
Para esse mercado dos carros 1.000, a Volkswagen trouxe o Gol 1000. Fruto dos tempos da Autolatina, trazia sob o capô uma nova versão de 997 cm³ do veterano motor CHT da Ford, rebatizada como AE-1000.
O propulsor desenvolvia 50 cv de potência e torque de 7,3 kgfm. Pesando 890 kg, acelera de 0-100 km/h em 20 segundos e atinge 137 km/h de velocidade máxima.
Baseado na versão CL 1.6, perdia itens como os quebra-ventos e o medidor de temperatura do líquido de arrefecimento no painel.
Preço em janeiro de 1993: Cr$ 126.100.000
Preço corrigido pelo IPCA: R$ 70.244,50
Volkswagen Fusca
O Volkswagen Fusca havia sido descontinuado no Brasil em 1986. Mas em um movimento pouco comum e que contou com a participação do então presidente Itamar Franco, a VW concordou em retomar a produção do modelo clássico em 1993.
Trazendo apenas umas poucas diferenças estéticas em relação ao carro dos anos 1980, o novo Fusca chegou ao mercado com o conhecido motor 1.6 a ar de 58,7 cv e o câmbio de quatro marchas. Mas a Volks conseguiu enquadrá-lo no mesmo benefício reservado aos carros 1000.
Custava quase o mesmo que o Gol 1000 e oferecia um desempenho superior. Mas o espaço interno e o acerto dinâmico do modelo não escondiam a idade do projeto. Em tempos de inflação alta, o modelo teve o preço anunciado em dólar nas publicações da época: US$ 7.200.
Preço em outubro de 1993: US$ 7.200
Preço corrigido pelo IPCA: R$ 76.416
Ford Escort Hobby
Se a Volkswagen tinha o popular Gol para brigar na faixa dos populares, a Ford tinha que se virar com uma versão mais despojada do Escort. Modelo que tinha um posicionamento premium no mercado automotivo da época.
Mas a receita dos carros 1.000 deu até mais certo no Escort do que no Gol. Lançado em 1993 e equipado com o mesmo motor AE do Gol 1000, oferecia melhor espaço interno e desempenho: aceleração de 0-100 km/h em 19,9 segundos e velocidade máxima de 142 km/h.
Para baixar o preço, fazia a economia típica dos populares da época e abria mão de itens como retrovisor externo do lado direito e tampão no porta-malas.
Preço em julho de 1996: R$ 9.877
Preço corrigido pelo IPCA: R$ 44.282,64