Achar combustível com bom preço pode gerar a pergunta: posso abastecer até a boca? Saiba essa resposta aqui.
Com certeza você já ouviu a frase: “para no automático ou pode completar, chefia?” vinda de um frentista. Na maioria das vezes, decidir se a resposta vai ser sim ou não vai depender de quanto você pode gastar naquele momento.
Porém, se escolher abastecer até a boca, saiba que essa atitude pode prejudicar a manutenção do carro, mas também causar malefícios ao funcionário do posto e até ao meio-ambiente.
Até a década de 90 essa prática, na verdade, era inofensiva, por isso se tornou tão popular. Isso porque os carros fabricados antes desse período não contavam com o cânister. Mas, as coisas mudaram com o avanço da tecnologia automotiva.
O que é o cânister?
De uma maneira bem simples, o cânister é um filtro que absorve os gases que saem do tanque de combustível e reduzem sua nocividade. A função é similar a do catalisador, que é encontrado no escapamento.
Quando você abastecer até a boca, ou seja, toda vez que o frentista não para ao ouvir o primeiro “clique” da bomba (o famoso automático), o excesso de combustível entra em contato com o cânister. Então, é aí que começa a dor de cabeça.
O gás do tanque é tratado em um filtro de carvão ativado. Quando você enche até a boca, em vez de gerar vapor, passa a reter o líquido do combustível. Isso acaba danificando o cânister e, por consequência, gerando necessidade de manutenção.
Basicamente, o cânister é preparado para fazer o tratamento do sistema de vapor e não de líquido. A linha toda, incluindo a válvula e o reservatório do cânister, fica comprometida quando o combustível ultrapassa o limite do automático.
Nos dias quentes o problema piora, já que o aquecimento aumenta o volume do líquido, que vaza pela tampa do tanque e vai danificando também a pintura do carro.
Saúde dos frentistas
Além do problema com o sistema onde está o cânister, essa “passadinha do ponto” na hora de abastecer pode gerar problemas à saúde dos frentistas. Isso porque o vazamento de gás pode acabar fazendo com que o profissional fique exposto por um tempo prolongado ao benzeno, que é um gás considerado cancerígeno.
Por conta disso, em alguns postos de combustível já há orientação, e até placas informativas, para que o frentista não avance após o automático, mesmo se o cliente pedir.
Aumento de consumo e outros problemas
Além de danificar a peça responsável pela filtragem dos gases nocivos e a saúde dos frentistas, rodar com o tanque acima da capacidade máxima compromete o consumo do veículo.
E a causa é bem fácil de entender: quanto mais peso o carro tiver de carregar, mais combustível ele vai consumir para percorrer uma determinada distância. A cada 100 kg acrescentados ao veículo, o consumo aumenta cerca de 6%. Ou seja, a diferença mínima que ganhou na hora de abastecer não servirá para nada.
Além do consumo, como o filtro é feito de carvão, o contato com gasolina, etanol ou diesel pode fazer com que partículas desse material se soltem e, na medida em que esse composto entra no tanque, pode comprometer o funcionamento do motor.
Nesse caso, o painel do veículo acusa o problema – normalmente a luz do sistema de injeção, mas isso pode variar de acordo com a montadora. Dependendo do dano, o proprietário do automóvel terá que arcar com a troca do cânister, da válvula ou até do próprio tanque.
Meio ambiente
Com o cânister danificado, o carvão ativado perde sua função principal, que é a de filtrar os poluentes que são liberados durante o abastecimento. Isso acaba gerando o inverso, um aumento da poluição produzida pelos carros.
Rodar com pouco combustível também é ruim
Assim como a maioria das coisas, nem muito, nem pouco é a melhor solução. Se rodar com excesso de combustível no tanque pode acarretar danos ambientais, de saúde e no carro, circular na reserva gera outros tipos de prejuízo.
Além do risco de pane seca, que é uma infração sujeita a multa de trânsito, o consumo do veículo também é prejudicado. Com o tanque quase vazio, há mais espaço para a evaporação do combustível – elevando a taxa de desperdício.
Ainda há risco de queima da bomba de combustível, que precisa ficar integralmente submersa para garantir a sua refrigeração. Por último, existe, ainda, o risco de entupimento do filtro da bomba pelas impurezas de combustível depositadas no fundo do tanque.